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Praga (Final)

Praga

(Parte 07 de 07)

O hotel onde eles estavam era perto da entrada da cidade, por isso era o lugar mais próximo para onde eles poderiam ir.

— Você tem certeza que não quer ir para um hospital Jay? Sabe lá o que isso fez com você — sugeriu Daniel desligando o motor.

— Relaxe, eu já estou bem — respondeu Jared saindo do carro.

— Vou até a recepção pegar a chave do quarto — Anna avisou depois que desceu.

— Algum problema se eu te esperar perto da porta do quarto? — Jared perguntou.

— Nenhum — Anna sorriu para ele se afastando.

Lucy Anne descia do SUV quando o som de pneus derrapando tomou conta do estacionamento. Depois se ouviu a porta de um carro sendo batida. Ela contornou o carro e ficou ao lado de Daniel que acabara de sair e estava fechando a porta.

Praga (Parte 6)

Praga

(Parte 06 de 07)

Quando o carro saiu da cidade e ingressou em uma área mais rural, as casas deram lugar a extensos e verdes campos, mas a paisagem estava longe de ser bonita. Bois, porcos e outros animais de fazenda estavam caídos por toda pastagem com enormes feridas vermelhas sobre seus corpos. Alguns fazendeiros andavam por entre os animais sem entender o que estava acontecendo.

Anna abriu o porta-luvas e tirou lá de dentro uma caneta e um bloco de folhas brancas. Ela escreveu uma lista de palavras. Jared tentava ver do que se tratava enquanto dirigia. Quando terminou, Anna se colocou de lado no banco para poder olhar também para Daniel e Lucy no banco de trás.

— Água em sangue, sapos, piolhos, moscas, peste no gado, úlceras nos homens, pedras caindo dos céus, gafanhotos, escuridão e a morte dos primogênitos — essas são as pragas que caíram sobre o Egito. Se tudo continuar como está irão cair aqui também.

Praga (Parte 5)

(Capítulo Anterior - Parte 4)

Praga

(Parte 05 de 07)

— Parece que nós ficamos sem quarto essa noite... — Jared comentou quando chegaram de volta ao hotel depois de saírem do pub.

— Eu é que não vou entrar para atrapalhar — Anna sorriu. — Você está com a chave do carro.

Jared verificou nos bolsos — estamos com sorte. — Ele tirou o alarme da SUV. Anna abriu a porta do lado do carona, e entrou. Jared entrou do lado do motorista.

Eles chegaram os bancos para trás para ter espaço para as pernas e deixaram os vidros fechados por causa do frio.

Jared ligou o rádio. Um rock dos clássicos começou a tocar em volume baixo.

Depois de um tempo ele quebrou o silêncio — acho que eu te devo uma explicação, não é?

— Sobre o que?

— Meu comportamento em relação ao Daniel com a Lucy.

Anna se virou no banco para ficar de frente para Jared. Ele tirou o blazer e jogou no banco de trás. Depois também se recostou de frente para Anna.

Praga (Parte 4)

(Capítulo Anterior - Parte 3)

Praga

(Parte 04 de 07)

No horário marcado, Lucy Anne bateu à porta do quarto onde os três estavam. Ela usava um vestido xadrez vermelho e preto, um casaco de couro por cima do vestido e scarpins pretos. Como Anna e os irmãos já estavam prontos, eles foram para o lugar combinado. Decidiram ir andando, pois o pub era bem perto e a noite estava agradabilíssima.

— A Anna e o Jared te contaram sobre o que encontraram na biblioteca? — ela perguntou para Daniel, que seguia ao seu lado usando uma malha azul com uma camisa social branca por baixo combinando com calças jeans e tênis.

— Não. Eles mencionaram, mas eu quis esperar pra vermos juntos — ele respondeu sorrindo para Lucy e a abraçando.

Anna percebeu Jared enrijecer o punho dentro do bolso do casaco de lã que usava sobre uma camisa azul com listras brancas. Ela se aproximou dele e entrelaçou o braço dela com o do amigo. Jared relaxou um pouco.

Praga (Parte 3)

(Capítulo Anterior - Parte 2)

Praga

(Parte 03 de 07)

Jared, que usava uma camisa branca de malha e um bermudão cinza, tentava inutilmente se ajeitar na pequena cama. Além de muito pequena, eles descobriram que suas molas enferrujadas também rangiam. Assim, cada vez que ele se virava era uma sinfonia de molas gemendo.

— Jared, — Anna o chamou afastando o lençol que eles tinham ajeitado entre as camas para dividir o quarto. — Jared! — ela falou mais alto. — Por tudo que é mais sagrado... Não dá pra dormir com o barulho dessa caminha de molas!

Jared parou e olhou para Anna na penumbra. Ela usava uma camisola rosa de com um personagem de desenho animado estampado na frente e mangas curtas com um shortinho por baixo.

— Sobe pra cá. Podemos dividir a cama de casal. Mas traga seu travesseiro e cobertor. Não vamos dividir isso.

Praga (Parte 2)

(Capítulo Anterior - Parte 1)

Praga

(Parte 02 de 07)

Não chegou a levar o tempo todo que Jared havia imaginado. Com o trânsito bem livre, duas horas e trinta minutos depois de terem saído, eles chegaram à Ancient Meadows. Era uma cidade pequena, aparentemente pacata. Muito provavelmente se não fosse a universidade, a cidade se resumiria a poucas casas e vário moradores espalhados pelas propriedades rurais.

— Por onde começamos?

— Vou parar o carro e ligar para meu irmão.

Anna ficou observando a cidade pela janela enquanto Jared falava com o irmão.

— Ele me explicou como chegar ao hotel onde ele está.

Jared dirigiu para lá.

— Daniel! — ele anunciou descendo do carro após estacioná-lo e indo abraçar o irmão que o esperava.

— Jared — Daniel retribuiu o abraço.

— Essa é Anna. Trabalha com a gente no café. Ela veio ajudar.

Anna e Daniel trocaram um aperto de mãos.

Praga (Parte 1)

Atualização (01/06/2022): Mais uma história que começou como fanfic (da série Sobrenatural) e eu resolvi transformar em autoral para poder publicar aqui no blog. Agora, Praga (ainda não tenho certeza se vou manter esse nome), vai passar por mais uma modificação.

Os personagens presentes nela estão também no conto: Escuridão, e fazem parte do meu projeto de ambientar várias das minhas histórias no Brasil (para isso nomes de pessoas e lugares irão mudar, assim como a descrição de ambientes e eventos).

Escuridão já completa e disponível de graça está no Wattpad (comece a ler) e, assim que eu revisar essa história, pretendo publicar por lá também e quem sabe em outras plataformas. Já passou da hora das minhas histórias autorais ganharem o mundo!

No entanto, para conseguir analisar a evolução da minha escrita, decidi manter as versões originais aqui no blog enquanto publicarei as revisadas em outras plataformas.

Aqui, para sempre

Velórios são sempre eventos muito tristes, e Bárbara não discordava disso. Havia ouvido certa vez que eles ajudavam a lidar com a dor de sua perda, então ela não se opunha a comparecer e respeitava a decisão das pessoas de passar uma noite inteira ao lado do caixão. No entanto, isso a incomodava. A atmosfera, como já era de se esperar, era ruim.

A pessoa que havia morrido era um senhor amigo da família de Bárbara. Todos estavam com muita pena da viúva, pois ela morava sozinha. Seus filhos queriam que ela fosse morar com um deles e pareciam estar conseguindo convencê-la.

O único detalhe que faltava para que ela concordasse era o fato de que a velha senhora não queria deixar sua casa sozinha. Foi essa a oportunidade que Bárbara precisava. Ela estava para começar o curso na universidade e ainda não tinha onde morar. Agora esse problema estava resolvido.

Depois de passar um tempo no velório, Bárbara e sua família foram embora. Apesar de estar feliz com a moradia garantida ela se sentiu um pouco triste ao ver uma menina de vestido vermelho do lado de fora da sala onde estava o caixão. Na área comum entre as capelas do cemitério. Provavelmente da família. Ela não sabia quem era, mas pela tristeza em seu rosto ela parecia ser bem próxima a eles.

(...)
Uma semana depois, Bárbara foi ajudar Mirtes, a viúva de Antônio, a retirar seus pertences pessoais de sua casa que agora oficialmente estava sendo alugada, bem abaixo do preço de mercado, para Bárbara e uma amiga.

— Você está lembrando o nosso acordo, não está? — perguntou Mirtes.

— Sim. Tem uma amiga que também vai começar a estudar esse semestre e vai morar comigo.

Bárbara não havia entendido o porquê dessa exigência, mas como o preço estabelecido para o aluguel era muito barato, ela não viu porque não aceitar.

— Então não se esqueça. Nunca fique sozinha nessa casa — pediu Mirtes. — Nem você, nem sua amiga.

— Tudo bem, pode deixar. — Bárbara achou aquilo estranho e quase chegou a ficar com medo. Mas por fim se convenceu que devia ser só algo da cabeça de Mirtes com medo da solidão.

(...)
Mônica, amiga com quem Bárbara dividiria o apartamento, concordou que aquilo deveria ser algo sem importância, mas percebeu que de alguma forma a recomendação de Mirtes havia afetado Bárbara, pois ela resolvera se empenhar em seguir a instrução.

— Você vai chegar cedo hoje, Mônica?

— Chego às 7 da noite, como sempre Bárbara.

— Okay. Eu vou sair às 5 horas da faculdade, mas faço uma horinha na rua antes de voltar pra casa.

— Bárbara. Porque você não vai fazer uma visitinha pra dona Mirtes. Aproveita e pergunta a ela porque ela fez essa recomendação estranha sobre a casa. Não deve ser nada e você está se preocupando à toa.

— Eu não estou preocupada com isso...

Mônica olhou para Bárbara com olhar de deboche perante a afirmação.

— Okay. Ela falou com tanta propriedade. Fiquei meio incomodada com a ideia do que poderia acontecer caso uma de nós fique sozinha aqui — admitiu Bárbara.

— Então vá conversar com ela — insistiu Mônica. — Ela está morando aqui perto, não está?

— Está sim. Vou fazer isso então.

As duas garotas terminaram de se arrumar e seguiram para a faculdade.

(...)
Bárbara desceu do ônibus alguns pontos antes de casa e seguiu a pé até a casa onde Mirtes estava morando com o filho mais velho, sua nora e dois netos. Ainda perto do ponto, ela teve a impressão de ter visto a mesma menina de vestido vermelho que havia visto no cemitério algumas semanas antes.

Ela deve ter vindo visitar a dona Mirtes — pensou.

A jovem seguiu por dois quarteirões e logo chegou à pequena casinha com um jardim muito florido à frente. Mirtes ficou feliz ao vê-la.

A senhora preparou um café para as duas que elas degustaram enquanto conversavam na cozinha.

— Dona Mirtes...

— Apenas Mirtes, Bárbara.

— Desculpe-me — ela sorriu. — Mirtes, porque você me recomendou que de forma alguma nem eu nem minha amiga ficássemos sozinhas na casa?

— Venha comigo — chamou a senhora. — Vou te mostrar uma coisa.

As duas foram para o quarto de Mirtes, onde ela pegou uma caixinha de madeira com um lindo trabalho artesanal floral por toda a superfície.

— Eu e meu marido convivíamos com isso há algum tempo. Ele achou que seria melhor que ficássemos na casa do que vendê-la a alguém que não levasse a história a sério. Uma vez eu corri grande perigo lá dentro, e se não fosse ele arrombar a porta, hoje eu não estaria aqui conversando com você. Agora, com a morte dele, eu tive que sair de lá. Não conseguiria alguém para morar comigo e ficar em casa o tempo todo.

Mirtes abriu a caixinha. Havia muitas coisas miúdas e vários papéis dentro dela. Ela tirou uma fotografia antiga colorida à tinta como uma pintura em tela.

— Você já viu essa menina? — Mirtes entregou a fotografia a Bárbara.

A garota na foto além de ser familiar, vestia o mesmo vestido vermelho que Bárbara já havia visto — é sua neta?

Mirtes pegou a foto de volta.

— Minha irmã gêmea — ela respondeu.

— Mas... — Bárbara não estava entendendo como poderia estar vendo a irmã gêmea de Mirtes com aquela aparência.

— O fato de você já tê-la visto mostra que eu não perdi a sanidade.

— Eu não pensei isso...

— Sei que não, minha querida. Mas muita gente já pensou. Antônio era o único que acreditava em mim. Ele também a viu uma vez.

— Porque nós a vemos?

— Quando éramos crianças, em 1932, Marta ficou muito doente. Os médicos não conseguiam curá-la e ela estava enfraquecendo dia a dia. Ela ficava o dia todo no quarto e não podia sair para brincar. Eu ficava com ela no quarto, mas com o tempo ela ficou fraca demais até para nossas brincadeiras. Uma manhã, ela apareceu na sala onde tomávamos café usando seu vestido vermelho preferido, brincando com sua boneca de pano. Eu e mamãe ficamos muito animadas e ela pediu para chamar o médico para que ele pudesse diagnosticar a cura e assim voltarmos à nossa vida normal.

Bárbara ouvia a história com atenção.

— Mamãe resolveu ir para o quintal colher acerolas para preparar um para nós e eu corri até a loja onde papai trabalhava, quase do lado da nossa casa para dar a notícia e ele veio comigo muito feliz para ver minha irmã. O que encontramos ao chegarmos, no entanto, nos tirou toda a alegria.

Rosa, que havia ido falar com o médico estava caída no chão da sala. Morta. Mamãe pensou se tratar de um assalto e correu para procurar minha irmã. Ela estava de volta no quarto, desmaiada sobre a cama e ficou inconsciente por uns dias até morrer.

— Nossa, Mirtes. Que terrível. Nem imagino como isso tudo deve ter sido para você.

— Ainda me lembro de Rosa caída perto da porta da sala. Foi meu pai quem me tirou de lá.

— A polícia descobriu o que aconteceu?

— Nem chegou perto de descobrir. E essa não foi a única morte que aconteceu na casa. Uma amiga da minha mãe que havia ficado viúva e não tinha filhos foi morar com a gente. Durante um verão, fui com meus pais visitar a fazenda dos meus avós, e essa amiga ficou na casa. Quando chegamos, ela estava morta. No mesmo lugar onde Rosa estava.

Bárbara engoliu seco — vocês mudaram da casa?

— Nunca conseguimos. Aquela época histórias assim assustavam muito. Ninguém queria comprar a casa e mesmo nós tínhamos medo de ficar lá sozinhos. Mas não tínhamos para onde ir. Esse medo acabou nos ajudando a sobreviver. Nunca nenhum de nós ficou sozinho na casa e quando me casei, fui morar lá com meu marido e filhos. Sempre tendo o cuidado de não deixar ninguém sozinho na casa. Mesmo assim, um dia enquanto Antônio cuidava do jardim e eu entrei em casa para preparar uma limonada, uma rajada de vento fechou a porta. E eu a vi. Com o mesmo vestido vermelho e a boneca de pano. Ela foi se aproximando de mim e eu senti meu coração batendo cada vez mais forte. Eu gritei e antes que Marta se aproximasse mais, Antônio arrombou a porta e entrou em casa. Nesse dia ele a viu também. Mas ela não pode mais fazer nada. Ela desapareceu no ar.

— Eu a vi no cemitério. E aqui perto, antes de vir para cá.

— Acho que nós a vemos porque ela nunca saiu da casa. E agora você também está ligada a aquela casa. Você e sua amiga. Alguma coisa trouxe a saúde da minha irmã de volta por um curto período e levou de volta a um alto preço.

Agora Bárbara estava definitivamente assustada.

— Fique tranquila, meu bem. Contanto que você não fique sozinha em casa, não há o que temer. — Mirtes tentou tranquilizá-la.

Um pequeno relógio sobre a penteadeira de Mirtes começou a badalar.

— Me esqueci da hora! — Bárbara se levantou. — Mônica está para chegar em casa!

— Corra! Não pode deixá-la ficar sozinha lá! — Agora Mirtes também estava um pouco assustada. Iria se sentir culpada se algo acontecesse às meninas. Arrependeu-se por não ter contado toda a história antes. Mas geralmente ninguém acredita.

Bárbara correu. O mais rápido que podia. Ignorou alguns sinais de trânsito, ouviu alguns insultos de motoristas que precisaram frear para não a atropelar e chegou quase sem fôlego a casa.

A porta da frente estava entreaberta. Seu coração disparou.

— Mônica! — chamou ela. Barbara atravessou o portão e se aproximou da entrada — MÔNICA! — gritou.

Bárbara empurrou de leve a porta.

— Que gritaria é essa? — perguntou Mônica, vindo lá de dentro.

— Falei pra não ficar sozinha na casa — repreendeu Bárbara.

— O que você tem? Parece que viu fantasma.

— Vamos conversar. Vou te contar o que a Mirtes me contou, mas em outro lugar — pediu ela.

— Tudo bem, se acalma. Deixa só colocar o lixo para fora de uma vez. Falta pegar o lixo do banheiro.

— Okay. — Bárbara sentou no primeiro degrau de frente para a porta.

Uma rajada de vento frio bagunçou seus cabelos.

— Não Mônica! Espera! — Bárbara se levantou e correu em direção à porta.

Ela ouviu a risada de uma criança e a porta da frente bateu antes que ela conseguisse chegar até ela.

— MÔNICA! — gritava ela enquanto girava em vão a maçaneta. — Mônica! — Bárbara começou a esmurrar e a chutar a porta.

Ela ouviu o grito da amiga e ouviu a criança rindo novamente.

— Não! — Bárbara começou a chorar. — Fica longe dela! — Ela continuou esmurrando a porta e foi escorregando até cair sentada aos pés da porta. — Mônica... — sussurrou ela.

Os gritos dela chamaram a atenção de pessoas que passavam pela rua e alguns homens tentaram ajudar. Eles afastaram Bárbara da porta e a arrombaram. Lá dentro, ela viu a menina de vestido vermelho. Ela segurava uma boneca de pano. Caída ao seu lado. Mônica não se mexia.

Os homens passaram por Bárbara e entraram na casa. Eles tentavam reanimar Mônica, mas nada surtia efeito. Eles ignoravam a criança por completo.

A menina realmente não parecia ter a intenção de abandonar a casa.

E Bárbara também não tinha a intenção de voltar a morar ali.

Destination Unknown (Final)

Essa é a continuação do conto. Divirtam-se! E não se esqueçam de deixar comentários! A opinião de vocês é muito importante! Para quem não leu: (Parte - 03)
 

Destination Unknown

(Parte 04 de 04)

O hotel que o policial indicou para os dois ficava a uns 20 minutos do Hotel Magnólia. Era uma instalação típica de hospedagem em estradas americanas. Os homens deixaram o casal na recepção e foram embora.

Benjamin pegou sua carteira, tirou seu cartão de crédito e o mostrou para a atendente. Ela registrou um quarto de casal no nome dele e entregou uma chave com uma plaquinha com o número do quarto. Os dois saíram da recepção e seguiram para o lá. Benjamin abriu a porta e os dois entraram. O quarto era simples e aconchegante. Tinha apenas uma cama de casal, uma penteadeira com uma pequena televisão em cima e um banheiro. Ele colocou a bagagem no chão e fechou a porta.

— Aconteceu o que eu realmente acho que aconteceu? — Victoria perguntou sentando na beirada da cama e acendendo a luz de uma luminária que havia fixada à cabeceira.

— Acho que sim — Benjamin respondeu sentando ao lado dela. Ele pegou as pernas da esposa e colocou sobre seu colo. A meia-calça que ela usava, parecia uma rede de tantos buracos.

— Me lembre de nunca mais subir em uma árvore usando meia—calça — ela pediu sorrindo.

— Você se arranhou bastante — ele comentou enquanto tirava as sapatilhas dela.

— Foi quando a ventania começou. Escorreguei alguns centímetros até conseguir me segurar — ela respondeu.

— Não pude deixar de pensar em uma coisa — Benjamin comentou.

— E o que seria?

— Você se lembra daquele episódio de Arquivo X...

Victoria interrompeu o marido com uma risada — pensei a mesma coisa! “How The Ghosts Stole Christmas2 sexta temporada, um dos meus preferidos. Mas o Mulder e a Scully quase morrem.

— Verdade. Tá vendo, os fantasmas do hotel nem trataram a gente tão mal assim.

— Okay, okay. Você venceu! — Victoria sorriu. — Eu vou tomar um banho rápido antes de dormir.

— Quer companhia? — Benjamin sorriu.

— Desculpa amor, mas eu não estou pensando em demorar. Já está quase amanhecendo...

— E porque a gente iria demorar? — perguntou Benjamin.

Victoria sorriu, mas entrou no banheiro sem responder. Seu marido sorriu e balançando a cabeça.

Benjamin foi até a sua mochila e separou uma bermuda e uma camisa de malha. Depois que trocou de roupa, pegou o jornal que havia trazido do hotel. A manchete era “Amor e Cobiça no Hotel Magnólia”, e havia uma foto da fachada do hotel na primeira página logo abaixo da frase. Um pequeno texto resumia o ocorrido:

Eva Handerson, única herdeira de Gregory Handerson, foi morta na noite passada durante um assalto no hotel que herdou do pai e administrava junto com o marido Carson James. O Hotel Magnólia estava na lista dos 10 melhores hotéis da costa leste e as primeiras pistas indicam que Carson, associado com os bandidos, matou a esposa e fugiu com o dinheiro e as joias da família que ficavam no cofre do hotel”.

— Victoria! — Benjamin a chamou.

— Já estou saindo — ela respondeu. Alguns minutos depois ela saiu do banheiro vestindo uma camisola de seda na cor vermelha — o que foi Ben?

— Pelo que eu estou vendo aqui — ele sinalizou para que ela olhasse para o jornal. — A Eva era a única morta dentre todos os que estavam no hotel.

Ela parou e deu uma olhada no jornal. Depois olhou para Benjamin.

— Você não está mesmo com sono “Mulder”? — Victoria brincou.

Benjamin olhou para ela e deu duas batidinhas no espaço vazio ao seu lado na cama e sorriu. Ela se deitou ao lado dele e se aconchegou entre os braços do marido. Benjamin apagou a luz da luminária e pouco tempo depois os dois dormiam profundamente. No jornal, agora caído no chão, a foto da fachada do Hotel Magnólia e o seu triste fim.

Imagem editada.
Foto original de Peter Herrmann, disponível no Unsplash.

Nota: How The Ghosts Stole Christmas, "Como os Fantasmas estragaram o Natal" (no Brasil), roteiro e direção por: Chris Carter. É um episódio da sexta temporada da série X-File, "Arquivo - X" (no Brasil) exibida dos anos de 1993 a 2002. Fox Mulder e Dana Scully eram agentes do FBI e personagens principais da série.