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O soldado ferido

Coincidências, eu nunca acreditei nelas. Mas não tenho como explicar as coisas que aconteceram na minha vida senão a mais pura coincidência. Bom, eu poderia também acreditar que há uma força invisível no universo puxando todas as cordas, mas nesse caso, acho mais fácil acreditar em coincidências.

Tudo começou quando eu voltei da guerra. Aposentado por invalidez por conta de um ferimento na perna, desamparado pelos meus pais, não que eu tivesse coragem de recorrer a eles depois de tudo o que me fizeram, e sem condições de me manter na cidade. Não queria me afastar de Londres, mas minha situação financeira me obrigaria a fazer isso em breve. A menos que eu conseguisse encontrar alguém com quem dividir um apartamento. E foi exatamente em uma sucessão de coincidência que me fez encontrá-lo novamente.

— Espero que não se incomode com o violino e com o fato de eu ficar em silêncio por dias enquanto estou trabalhando. Experimentos científicos também podem acontecer na cozinha de vez em quando… — William começou a falar pouco depois que eu entrei no laboratório onde me disseram que eu poderia encontrá-lo dentro do Hospital St. Michael.

— Você não lembra mesmo de mim? — perguntei surpreso. Ele estava mais alto, mais pálido e magro, provavelmente exagerando um pouco com as drogas… Talvez Zephy não estivesse na cidade para cuidar dele ou quem sabe não estaria casada e morando em outro país.

Sangue inocente

— Não precisa me esperar acordada — disse João, o lobisomem, enquanto se livrava das roupas antes da transformação.

Como havia uma floresta bastante densa a poucos metros do quintal dos fundos, não precisava mais passar da forma humana para lobo vestido. Isso poupava seu guarda-roupa da necessidade de reparos constantes.

— Ah, meu sacrifício de toda lua cheia… — reclamou Catarina. — Vou começar a esperar dentro de casa até que você esteja com o corpo todo coberto de pelos e a aparência de um lobo gigante.

— Eu sei que você gosta de apreciar esse corpinho atlético. — João fez uma pose com os braços como se fosse um fisiculturista sendo julgado.

— Pelo amor da nossa amizade, vai pra luz, por favor! — A bruxa havia fechado os olhos durante o exibicionismo do amigo, mas não conseguia segurar o riso.

Primeiras Lembranças

Audrey Zephyrus estava deitada no sofá sobre o peito de John, que a acolhia em um abraço carinhoso, ainda abalada com as recentes descobertas. Ela tentava absorver as informações, mas eram muitas. Depois de um teste de DNA provar que Alexander Boreas, William Notus e Wendy Eurus eram seus irmãos, mesmo que ela não tivesse lembranças deles, ficou sabendo sobre seu sequestro e consequente desaparecimento durante 2 anos. Além disso, a mais nova deles, Wendy, havia cometido um crime e estava presa, tragédia que contribuiu para o trauma de William, com quem agora dividia o sobrado no centro de Londres, o fazendo esquecer a existência das duas.

Os irmãos se olhavam constantemente em silêncio estranhando o fato de não reconhecerem um ao outro, e a esperança que algo de repente faria com que ambos se lembrassem parecia cada vez mais ficção científica. Alexander já se encarregara de marcar uma consulta psiquiátrica para a irmã para começar a investigar a causa da falta de memória, suspeitando da transtorno de estresse pós-traumático, o mesmo diagnóstico de William, para tentar possíveis tratamentos. Nenhum deles estava disposto a simplesmente aceitar o fato, se apresentar e recomeçar a vida daquele ponto deixando o passado em branco. Aquele pensamento deu a Audrey uma ideia.

O sinal que faltava

Muita coisa aconteceu nas vidas de Gregory e Stella desde que se conheceram no Brasil durante a primeira investigação internacional dos dois. Ambos não haviam completado 30 anos quando um assassino em série uniu as polícias de Las Vegas e Juiz de Fora para acabar com a trilha de sangue deixada pelo homem que atraía crianças para a morte. Caso resolvido, Greg, sua parceira, Sara, e o chefe dos dois, Jason, voltaram para os Estados Unidos deixando um convite para Stella se juntar a eles.

Meses mais tarde, era ela quem viajava para uma experiência trabalhando fora do país. Foi quase um ano e vários casos resolvidos até que a turbulenta noite da cidade estadunidense que nunca dorme a fez sentir saudade da relativa paz que tinha em sua cidade natal no interior de Minas Gerais. Com a promessa que voltaria para visitar os amigos que fez na equipe de peritos e investigadores de Las Vegas, Stella retornou ao Brasil.

Amizade pra vida toda

O frio típico do mês de julho aparentemente havia vindo com mais força na cidade do interior de Minas Gerais e não havia quem não estivesse com, pelo menos, um sintoma de gripe. Annabelle, com a vacinação em dia, ficou livre dos sintomas mais severos da doença sazonal, mas nem por isso conseguiu passar o período sem o nariz entupido, garganta arranhando, olhos lacrimejando e corpo pesado e dolorido.

Ao perceber como estava naquela manhã de quarta-feira, ela imediatamente ligou para seu chefe com a intenção de avisar que estava sem condições de comparecer ao trabalho. Lidando diretamente com o público e a comida na cafeteria, não poderia arriscar a colocar as pessoas em contato com um vírus desconhecido. Todos ainda estavam bastante traumatizados com o que havia acontecido em 2020.

YOLO - Só se vive uma vez

Alguém aqui gosta de mistérios intrigantes no melhor estilo Sherlock Holmes, protagonistas carismáticos, romance, drama, perigo, momentos fofos e engraçados? Então provavelmente essa história vai te interessar!

Sinopse: Dr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar permanente para viver além de amizades incondicionais e Molly está se divertindo com o comportamento nada convencional de seu amigo, estranhamente obcecado em estudá-la. Entretanto, apesar das aparências, o dia a dia de quem convive com um detetive consultor, o único do mundo, passa longe de ser trivial. O passado sempre retorna à superfície para quem já trilhou caminhos perigosos os quatro amigos já estiveram face a face com o perigo. Se estiver à procura de mistério, drama e algumas pitadas de romance, acabou de encontrar. De caça ao tesouro a um encontro de casais numa casa noturna com direito àquela primeira vez inesquecível, essa história traz o melhor e o mais intenso que se pode viver na companhia de Sherlock Holmes e John Watson.

Confidências

Cada um tem sua preferência quando o assunto é aproveitar o final de semana. Uns gostam de sair, outros de ficar em casa, mas é quase uma unanimidade a opção de ficar bem longe do trabalho. No entanto, Beatrice e Miguel fazem parte de uma minoria. Fotógrafos da agência Buscando Inspiração, os dois aproveitavam o tempo livre para mais fotografias. O diferencial estava no fato de poderem escolher onde e quais imagens capturar, e o que o casal mais amava era colecionar registros de construções em ruínas.

— Como você conseguiu autorização para entrar e fotografar a escola? — perguntou Beatrice acomodada no banco do carona do carro.

— Usei meu charme — respondeu Miguel piscando o olho direito para a amiga.

— Você pagou, né? — retrucou a mulher enquanto apertava os botões no painel do rádio do carro em busca de uma música que agradasse aos dois.

A historia de Beija-flor e Albatroz

A primeira coisa que deixou de existir foram seus nomes...

Aquele homem grande todo encolhido sobre a cama fez o coração da mulher bater fora do ritmo normal. Ela também se sentia desorientada por ter acordado sem saber quem era e onde estava, mas tentava manter a calma.

Uma enfermeira havia explicado com muita paciência que esse era exatamente o resultado esperado depois de um mês de tratamento. Eles esqueceriam sua identidade, mas não coisas como andar, falar e o básico aprendido na escola, pois isso seria inconveniente para o objetivo final.

Incomodada por ninguém aparecer para confortar o homem, ela decidiu fazer isso. Sentiu frio quando seus pés descalços tocaram o chão, mas não recuou da decisão. Andando devagar e levando consigo o que parecia ser soro preso em uma haste conectado ao seu braço, ela atravessou o quarto.

A magia que nos une

Todas as crianças do reino podem ter seus futuros cônjuges escolhidos pelos pais, mas há uma condição para que o jovem casal permaneça junto, mesmo que esse mostre afeição um pelo outro. Todos precisam passar pelo teste de serem enviados a um universo paralelo, sem magia, onde precisam se encontrar e se apaixonar um pelo outro. O primeiro beijo de amor do casal é o que os traz de volta para casa e concede a permissão para o casamento, apagando imediatamente qualquer indício da presença dos dois nesse local ao qual não pertencem.

Quando quatro amigos tiveram filhos, não hesitaram em sugerir que os bebês Abelis e Atrone um dia formassem um casal. A certeza era tanta de que as crianças passariam no teste que foram batizados de forma que seus nomes combinassem nos convites de casamento. Quando o jovem casal de amigos atingiu a maioridade, realmente já estavam enamorados, mas tiveram que se submeter às regras do reino como todos os outros.

Sua voz

Esse conto já era para ter sido publicado, mas eu não tinha escrito. Então..., preciso localizar vocês onde ele se encaixa na linha do tempo do casal. Essa história se passa depois de ‘Primeiro Encontro’ e antes de ‘Tradições Natalinas’. Ambos estão aqui no blog e caso vocês não tenham lido, são dois contos bem curtinhos. De qualquer forma, como as histórias, apesar de serem sobre os mesmo personagens são independentes, não pretendo manter uma sequencia aqui enquanto publico.

Agora, que tal um romance com direito a primeiro beijo e um pouco de drama?

Conteúdo sensível: relato de agressão - sem descrição, apenas a menção ao fato.

Foram muitas mensagens trocadas via SMS, tecnologia que se popularizava em celulares no início dos anos 2000 e a preferida de Zephy. As conversas começaram tímidas e curtas, mas logo foram se estendendo à medida que crescia a intimidade entre ela e John.

Descobriram muitos gostos parecidos e deram boas risadas madrugada adentro, o único horário que o rapaz tinha disponível por conta dos estudos. A jovem não se importava, nunca teve o costume de dormir muito cedo. No entanto, o momento de conversarem pessoalmente pela segunda vez estava cada vez mais próximo e ambos conseguiam sentir.

Estou com saudade de ouvir sua voz” digitou John.

Zephy começou a escrever sua resposta, mas apagou várias vezes. Não queria ferir os sentimentos dele, mas ela realmente não gostava de ouvir uma pessoa sem ver seu rosto, e por isso evitava telefonemas. O jovem percebeu pela demora o que estava acontecendo e enviou mais uma mensagem.

Pode ser pessoalmente”.

Quando?

A proposta não demorou nem 10 segundos para aparecer na tela do celular de John e um sorriso iluminou o rosto dele enquanto digitava os dias e horários que tinha disponíveis.

Zephy também estudava, mas sem pensar muito sobre o que faria no futuro, pois o dinheiro da família garantia a ela a possibilidade de escolher ao que se dedicar. Literatura era sua paixão, mas ela não fazia distinção de gênero quando mergulhava nos livros. Era uma acumuladora de informações. Os três irmãos eram. Já John tinha o sonho de ser médico e com o trabalho além de ajudar os outros, fazer o mesmo por ele, garantindo a tão sonhada liberdade.

A mulher sem memória

Dando continuidade as cenas que venho postando aqui no blog, essa de hoje é um pouco tensa, mas está mais para hurt/comfort e como é bem leve, não vejo motivo para restrições ou necessidade de aviso de gatilho. Fiquem à vontade para ler, divirtam-se e não deixem de comentar!

Mesmo com o início de tarde monótono, William não demonstrava o menor sinal de estar entediado. Muito pelo contrário, ele estava animado e já era a terceira vez que o detetive particular olhava pela janela. Acomodado em sua poltrona seu amigo, John, acompanhava a movimentação dele.

— Está esperando alguém? — sua curiosidade havia atingido o limite.

— Nossa próxima cliente — William afastou a cortina mais uma vez e olhou para a calçada. — Só não entendo por que ela está demorando tanto para subir.

— Está hesitando? — John levantou e caminhou na direção da janela.

— Não, — respondeu o detetive confuso. — Ela está sentada na frente do gradil perto da porta.

John tomou o lugar do amigo para olhar a possível cliente.

— ELA ESTÁ COBERTA DE SANGUE! — gritou o homem irritado.

— Eu notei isso — William não parecia abalado. — Mas daqui não consegui definir se é dela ou não.

Quando o detetive terminou de falar olhou para onde John estava, mas ele já havia saído da sala e descia as escadas.