Tradições Natalinas

As batidas na porta da frente surpreenderam os 3 irmãos que assistiam a um filme na TV da sala. Como de costume, Zephyrus, ou Zephy como prefere ser chamada, se adiantou para atender, já sabendo que William e Wendy não fariam isso. A jovem não se importava, pois geralmente era entrega de encomenda para um deles ou uma visita para ela. Ao abrir a porta ela descobriu se tratar da segunda opção.

— John! — ela abriu um sorriso ao ver o namorado parado na soleira da porta. — Não estava esperando sua visita. Pelo que entendi você ia passar o Natal em casa...

— Eu tentei, eu juro que tentei — o desânimo estava evidente no rosto dele.

— O que aconteceu? Ele bateu em você de novo? — perguntou ela preocupada conhecendo tratamento desumano que o jovem adulto recebia em casa.

— Não, — um pequeno sorriso apareceu no rosto de John. — Durante o Natal ele é um exemplo de inspiração para todos — ironizou. — Aguentei o máximo que consegui, mas não vou fazer o papel de filho problemático de pais esforçados.

— Se você vai ficar com a gente, não é melhor entrar logo? — gritou William do sofá que dividia com Wendy. — Está caindo neve dentro de casa.

John e Zephy olharam para baixo e perceberam os delicados flocos embranquecendo o chão e seus pés. Os dele calçados enquanto os dela, descalços.

— Como ele sabe que eu vim pedir abrigo? — perguntou o jovem entrando enquanto a namorada fechava a porta.

[Refletindo] Semeadora de Ideias

Meus textos são como árvores plantadas com todo cuidado, observadas em sua primeira fase de crescimento e depois deixadas à própria sorte. Podem dar frutos, sombra ou cair durante uma tempestade antes que alguém sequer tome consciência de sua existência.

Para mim, essa é a parte mais difícil quando o assunto é continuar semeando (escrevendo), sem saber se está sendo útil para alguma coisa ou apenas gastando energia elétrica. Não sei se minhas palavras estão alcançando alguém, confortando algum coração ou apenas se perdendo em meio a tantas outras, igualmente valiosas, que existem por aí. Tem mais gente para elogiar o fato de eu ser escritora, do que realmente ler e fazer algum comentário a respeito.

De onde tirar motivação então? Por que passar as ideias que estão na minha cabeça para o papel e depois publicar, se o interesse das pessoas é tão pequeno? A única resposta que eu tenho é também a que me faz sentir egoísta e culpada: Porque escrever me faz muito bem.

Casual

No último dia 16 de novembro foi o aniversário de 13 anos do Universo Invisível, e apesar da pouca visualização e escassos comentários que recebo, nunca quis desistir de vez desse cantinho onde deixo extravasar minhas mais variadas ideias. É verdade que já abandonei o blog algumas vezes, nem sempre é possível superar a desmotivação, mas eu sempre volto e o meu Universo Invisível me acolhe como uma velha amiga.

Na postagem de hoje, um texto sem muita pretensão. Apenas um instante da vida de alguém. Os personagens não receberam nome deixando para quem ler imaginar, se assim desejar, a identidade de cada um. Espero que gostem!


Ela acordou na cama de casal e percebeu que estava sozinha, mas sabia que ele ainda estava por perto, afinal, era a casa dele. Um ator famoso. Seu coração acelerou só de imaginar, e sentir o lençol branco sobre seu corpo completamente nu a fez dar uma risadinha. Sabia que sentira a culpa mais tarde. 

Ela não achava certo tal comportamento, não desejava aquele tipo de vida e nunca havia feito nada igual na vida. Mas também nunca havia voado de avião, viajado para fora do país, visitado um set de filmagem e nem mesmo conseguido chamar a atenção de um homem que tivesse despertado seu interesse.

Almas Gêmeas

Espero que vocês não tenham acreditado quando eu disse aqui que a história de Catarina e João começaria e terminaria em uma única postagem... bem... lá vamos nós de novo. Espero que vocês gostem dessa conversa entre a dupla.

A tarde estava amena, com o sol de outono aquecendo o corpo numa intensidade agradável, e o chá servido na mesinha redonda branca de ferro sobre o gramado no quintal dos fundos, de frente para a floresta, deixava tudo ainda mais perfeito.

Catarina e João estavam um de cada lado dela, reclinados sobre as espreguiçadeiras de madeira cobertas com almofadas envoltas num tecido de estampa floral de algodão, costuradas pelo próprio lobisomem. A bruxa havia se oferecido para fazer o serviço usando magia, mas ele gostava de trabalhos manuais.

— Você acredita em almas gêmeas? — perguntou João repousando a xícara do jogo de porcelana que ele havia comprado para ela sobre o pires antes de pegar um dos sanduíches de atum com cenoura.

Bebida e comida preparadas por ela usando magia tanto para acelerar o processo quanto para divertir o amigo.

O tempo que os dois viviam juntos permitia esse tipo de diálogo sem qualquer desconforto, mas a espontaneidade da pergunta inesperada fez Catarina sorrir. A mulher sentou e cruzou as pernas em posição de lótus com os pés ocultos embaixo dos joelhos e ficou olhando para o líquido vermelho dentro da xícara enquanto pensava no que responder.

— Depende do que você considera alma gêmea — disse ela por fim, olhando para o amigo à sua direita.

O Último Suspiro 2

O fim de tarde com o por do sol jogando seu brilho alaranjado nos abraçava, mas o sentimento que compartilhávamos não era tão dourado quando aquele cenário. Estávamos juntos há quase um ano. Entendíamos um ao outro como ninguém mais. Porém, nem toda aquela cumplicidade nos deixava livres de tomar uma decisão difícil de vez em quando. Uma em que nós dois sairíamos indubitavelmente feridos.
 
Nossos olhares se encontraram timidamente. Ambos sem saber por que tínhamos que chegar àquele ponto. Depois de tantos meses, tantas conversas sussurradas ao ouvido, precisávamos tomar uma decisão antes que a escuridão dominasse o parque já quase sem frequentadores. 
 
Apenas os poucos pássaros, à procura de uma árvore onde dormir, seriam as testemunhas. Isso era bom, mas não tirava o peso da escolha difícil. Era muito amor envolvido. Eu duvidava da possibilidade de encontrar nova companhia equivalente ao que estávamos vivendo. E tenho certeza que era recíproco. Considerávamo-nos almas gêmeas.

Havíamos trazido de tudo para o encontro planejado, menos um item que tornaria mais fácil aquela questão. Uma faca. Sem o objeto precisaríamos usar as próprias mãos e o desfecho não seria benéfico para nenhum de nós. Talvez apenas para os pequenos animais ocultos pela grama.

O Bilhete

Dessa vez não trouxe apenas uma cena, mas sim um conto curto com início, meio e fim. Uma das personagens inclusive já apareceu aqui no blog. Estão prontos para a pequena aventura em numa casa abandonada?

***

A ‘Buscando Inspiração’ nasceu no final dos anos 1990 da ideia de uma fotógrafa entusiasta que decidiu fundar a empresa dando chance àqueles que ela tanto apreciava e a inspiravam. A CEO além de apreciar muito o ofício da fotografia também era escritora. Seu objetivo principal era reunir vários profissionais na agência e proporcionar o contado deles com os clientes, mas garantindo por conta da empresa o salário fixo e comissão por projeto. Os trabalhos incluíam toda sorte de fotografias, desde projetos para sites, folhetos, convites para eventos e os próprios eventos, colunas de jornais ou revistas e trabalhos para organizações, governamentais ou não.

Por conta dessa variedade, Beatrice e Manuela, duas fotógrafas da Buscando Inspiração, não estranharam quando receberam na manhã de sexta-feira a missão de fazer o registro de imagens do interior da casa há muito tempo abandonada em uma das principais avenidas na cidade sede da agência no interior de Minas Gerais.

— Pelo menos a gente não vai precisar viajar hoje — disse Manuela agradecida já visualizando o final do seu dia tomando cerveja num bar com os amigos.

A mulher sem memória

Dando continuidade as cenas que venho postando aqui no blog, essa de hoje é um pouco tensa, mas está mais para hurt/comfort e como é bem leve, não vejo motivo para restrições ou necessidade de aviso de gatilho. Fiquem à vontade para ler, divirtam-se e não deixem de comentar!

Mesmo com o início de tarde monótono, William não demonstrava o menor sinal de estar entediado. Muito pelo contrário, ele estava animado e já era a terceira vez que o detetive particular olhava pela janela. Acomodado em sua poltrona seu amigo, John, acompanhava a movimentação dele.

— Está esperando alguém? — sua curiosidade havia atingido o limite.

— Nossa próxima cliente — William afastou a cortina mais uma vez e olhou para a calçada. — Só não entendo por que ela está demorando tanto para subir.

— Está hesitando? — John levantou e caminhou na direção da janela.

— Não, — respondeu o detetive confuso. — Ela está sentada na frente do gradil perto da porta.

John tomou o lugar do amigo para olhar a possível cliente.

— ELA ESTÁ COBERTA DE SANGUE! — gritou o homem irritado.

— Eu notei isso — William não parecia abalado. — Mas daqui não consegui definir se é dela ou não.

Quando o detetive terminou de falar olhou para onde John estava, mas ele já havia saído da sala e descia as escadas.

Manter o foco

Eu pensei muito se deveria ou não publicar essa cena e acabei decidindo publicar. No entanto, dessa vez, preciso fazer o contrário do que geralmente faço e pedir para que algumas pessoas não leiam. Não é uma cena com a descrição de nenhum evento traumático, mas há dois personagens conversando superficialmente sobre assuntos muitos delicados: automutilação e suicídio.

Minha dúvida se deveria publicar ou não era exatamente por conta do fato de algumas pessoas serem mais sensíveis a certos assuntos. Eu inclusive. Dessa vez vou entender perfeitamente quem decidir ignorar essa postagem e procurar por outra aqui no blog. Imagino que deva haver algo que você ainda não leu.

Para quem resolver ler a cena, volto a reafirmar que não há descrição do que aconteceu. O evento está no passado da personagem que tenta levar a vida e, se possível, se livrar de um hábito prejudicial do qual não se orgulha.

Lembrem-se sempre: o CVV, Centro de Valorização da Vida, presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos mais de 120 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail.

[Top 10] Hábitos na hora de escrever

Uma das coisas que mais gosto de fazer é trocar experiência com quem também escreve. A gente aprende, ensina e se apoia por compreender um pouco de como é essa jornada de tirar ideias da cabeça e colocar no papel. Pensando nisso, hoje eu vim aqui compartilhar um pouco do que eu sigo na minha escrita, tanto na organização quanto no desenvolvimento do texto propriamente dito.

Quero deixar bem claro que são as coisas que eu faço, e não um apanhado de regras ou uma receita para o sucesso (se for isso que você estiver procurando aqui pode esquecer... meus textos são tão ignorados, coitados...). Talvez essa lista seja útil para você, talvez não, e está tudo bem.

Escrita é arte e, em minha opinião, arte deve vir do coração. Não estou aqui falando de mercado ou retorno, apenas da criação pelo puro prazer de tirar uma ideia da cabeça e colocar no papel. Se ainda tenho motivação para continuar escrevendo e publicando, é porque sou uma fotógrafa de pensamentos completamente apaixonada pelo que faço.

Introdução feita, fiquem com meu top 10 hábitos na hora de escrever!

1 - Uso o nome do personagem principal nas pastas para não perder os livros dentro do computador com arquivos de nomes genéricos.

Essa na verdade foi uma sugestão que eu dei para uma pessoa no Twitter e que me inspirou a escrever a lista. É algo que eu sempre fiz e facilita muito minha vida para trabalhar com várias histórias ao mesmo tempo. Todos os arquivos referentes àquela história ficam na pasta com o nome da/o/e personagem principal. Poderia ser uma pasta com o título da história? Claro que poderia, mas quem aqui pensa no título antes dos 45 do segundo tempo? Já tive que atrasar publicação porque não conseguia pensar num título bom o suficiente... hahahaha...

Primeiro Encontro

Na minha postagem mais recente declarei a vontade de “desenvolver a habilidade para escrever histórias curtas, sem continuação...” então, falhou... *risos*. E antes que eu comece a criar vários enredos para tumultuar minha gaveta com trabalhos que não vou desenvolver, mas se quiser pode, resolvi mudar a estratégia.

Vou criar cenas independentes, usando para isso meus próprios personagens em situações que provavelmente não apareceriam nas histórias principais. Seja por não acrescentar nada na trama, por eu ter viajado demais durante o projeto, por ter passado tempo demais pensando “e se”... enfim. Meus objetivos são desenvolver minha escrita e me divertir, e acho que dessa vez vai funcionar.

Como usarei personagens das minhas histórias autorais e das fanfics, algumas alterações serão feitas principalmente quanto aos nomes, tanto para evitar infringir direitos autorais de terceiros, quanto para evitar spoilers do que ainda não publiquei. Quando for o caso de alguma cena remeter a uma história autoral já finalizada, e não tiver spoiler, deixarei o link dela para quem quiser ler.

Dito isso, vamos à cena e resolvi estrear com uma que eu nunca escrevi, uma desonra para mim, desonra para quem escreve fanfic, uma desonra para sua vaca... Um primeiro encontro básico na Starbucks, porque, quem nunca? Os personagens que vou usar aqui vieram de uma fanfic e algumas horas pensando “e se...”. Bom, esse é o resultado. Espero que gostem e não deixem de comentar!

A conversa dos irmãos fluía animada até que uma das gêmeas percebeu um rapaz loiro dentro da cafeteria olhando fixamente para o trio. Em vez de ficar incomodada, ela se sentiu impelida a ir falar com ele.

— Ele está olhando pra gente — alegou a jovem sentada à esquerda da irmã gêmea fraterna do lado oposto da mesa onde estava o irmão, um ano mais velho, das duas. — Vou provar.

Zephyrus fingiu que bocejava e o rapaz a três mesas de distância não conseguiu se controlar e imitou o gesto.

Chá para dois

É um desejo antigo meu desenvolver a habilidade para escrever histórias curtas. Raramente algo que eu escrevo termina em um só capítulo. Quando comecei com fanfics da série Sherlock, minha primeira oneshot foi publicada com 2 capítulos! (Quem quiser ler: O melhor pior dia de Molly Hooper). No entanto não desisti e consegui uma oneshot de verdade algum tempo depois! (Leia aqui: Tudo sobre Mary). Inspirada por essa conquista e com a ajuda de um site gerador de enredo aleatório (não quis correr o risco de tentar eu mesma criar a história e acabar com uma série de livros... hahaha...), nasceu esse pequeno conto de um momento da vida de dois personagens. Não estou planejando continuação. Sei que a vontade de saber mais sobre o que aconteceu acaba aparecendo, mas por enquanto a narrativa sobre Catarina e João começa e termina nessa postagem.

Chá para dois

Catarina olhou para o livro mágico em suas mãos e ficou preocupada. Não poderia deixar ninguém ler suas páginas. Não que alguém fosse capaz de acreditar nas informações contidas nele, mas era melhor não correr o risco.

A bruxa caminhou até a janela admirando as gotículas de chuva no vidro. Catarina gostava do ambiente rústico e aconchegante daquela rua pavimentada em pedra, mas a loja de reparo de guarda-chuvas e eletrodomésticos em frente à sua casa, quebrava parte do encanto.

Ela sorriu para o idoso parado à entrada quando este olhou para ela. Um sujeito simpático e o único motivo pelo qual ela não odiava por completo aquela fachada repleta de quinquilharias. Era um lugar que encorajava sua tendência de se sentir nostálgica, mas ela prometeu que nunca mais poria os pés na sua antiga vila e pretendia cumprir a promessa.

Então ela viu algo ao longe, ou melhor, alguém. João era um lobisomem inteligente, de braços peludos e dedos finos, companheiro da bruxa desde quando tentaram queimá-la viva. Igualmente menosprezando pelos outros habitantes, João se tornara amigo de Catarina no momento em que a bruxa se ofereceu para preparar uma poção do sono evitando que seu lado lobo o dominasse na lua cheia.

O que motivava todo aquele ódio e unia os dois era a falta de vontade de ambos para atacar seres humanos. Catarina e João não queriam negar ou abandonar suas habilidades mágicas, mas tampouco queriam usar aquilo para dominar os não mágicos. Tudo o que queriam era uma vida anônima e tranquila.