Sangue inocente

— Não precisa me esperar acordada — disse João, o lobisomem, enquanto se livrava das roupas antes da transformação.

Como havia uma floresta bastante densa a poucos metros do quintal dos fundos, não precisava mais passar da forma humana para lobo vestido. Isso poupava seu guarda-roupa da necessidade de reparos constantes.

— Ah, meu sacrifício de toda lua cheia… — reclamou Catarina. — Vou começar a esperar dentro de casa até que você esteja com o corpo todo coberto de pelos e a aparência de um lobo gigante.

— Eu sei que você gosta de apreciar esse corpinho atlético. — João fez uma pose com os braços como se fosse um fisiculturista sendo julgado.

— Pelo amor da nossa amizade, vai pra luz, por favor! — A bruxa havia fechado os olhos durante o exibicionismo do amigo, mas não conseguia segurar o riso.