Casual

No último dia 16 de novembro foi o aniversário de 13 anos do Universo Invisível, e apesar da pouca visualização e escassos comentários que recebo, nunca quis desistir de vez desse cantinho onde deixo extravasar minhas mais variadas ideias. É verdade que já abandonei o blog algumas vezes, nem sempre é possível superar a desmotivação, mas eu sempre volto e o meu Universo Invisível me acolhe como uma velha amiga.

Na postagem de hoje, um texto sem muita pretensão. Apenas um instante da vida de alguém. Os personagens não receberam nome deixando para quem ler imaginar, se assim desejar, a identidade de cada um. Espero que gostem!


Ela acordou na cama de casal e percebeu que estava sozinha, mas sabia que ele ainda estava por perto, afinal, era a casa dele. Um ator famoso. Seu coração acelerou só de imaginar, e sentir o lençol branco sobre seu corpo completamente nu a fez dar uma risadinha. Sabia que sentira a culpa mais tarde. 

Ela não achava certo tal comportamento, não desejava aquele tipo de vida e nunca havia feito nada igual na vida. Mas também nunca havia voado de avião, viajado para fora do país, visitado um set de filmagem e nem mesmo conseguido chamar a atenção de um homem que tivesse despertado seu interesse.

Almas Gêmeas

Espero que vocês não tenham acreditado quando eu disse aqui que a história de Catarina e João começaria e terminaria em uma única postagem... bem... lá vamos nós de novo. Espero que vocês gostem dessa conversa entre a dupla.

A tarde estava amena, com o sol de outono aquecendo o corpo numa intensidade agradável, e o chá servido na mesinha redonda branca de ferro sobre o gramado no quintal dos fundos, de frente para a floresta, deixava tudo ainda mais perfeito.

Catarina e João estavam um de cada lado dela, reclinados sobre as espreguiçadeiras de madeira cobertas com almofadas envoltas num tecido de estampa floral de algodão, costuradas pelo próprio lobisomem. A bruxa havia se oferecido para fazer o serviço usando magia, mas ele gostava de trabalhos manuais.

— Você acredita em almas gêmeas? — perguntou João repousando a xícara do jogo de porcelana que ele havia comprado para ela sobre o pires antes de pegar um dos sanduíches de atum com cenoura.

Bebida e comida preparadas por ela usando magia tanto para acelerar o processo quanto para divertir o amigo.

O tempo que os dois viviam juntos permitia esse tipo de diálogo sem qualquer desconforto, mas a espontaneidade da pergunta inesperada fez Catarina sorrir. A mulher sentou e cruzou as pernas em posição de lótus com os pés ocultos embaixo dos joelhos e ficou olhando para o líquido vermelho dentro da xícara enquanto pensava no que responder.

— Depende do que você considera alma gêmea — disse ela por fim, olhando para o amigo à sua direita.