A magia que nos une

Todas as crianças do reino podem ter seus futuros cônjuges escolhidos pelos pais, mas há uma condição para que o jovem casal permaneça junto, mesmo que esse mostre afeição um pelo outro. Todos precisam passar pelo teste de serem enviados a um universo paralelo, sem magia, onde precisam se encontrar e se apaixonar um pelo outro. O primeiro beijo de amor do casal é o que os traz de volta para casa e concede a permissão para o casamento, apagando imediatamente qualquer indício da presença dos dois nesse local ao qual não pertencem.

Quando quatro amigos tiveram filhos, não hesitaram em sugerir que os bebês Abelis e Atrone um dia formassem um casal. A certeza era tanta de que as crianças passariam no teste que foram batizados de forma que seus nomes combinassem nos convites de casamento. Quando o jovem casal de amigos atingiu a maioridade, realmente já estavam enamorados, mas tiveram que se submeter às regras do reino como todos os outros.

Sua voz

Esse conto já era para ter sido publicado, mas eu não tinha escrito. Então..., preciso localizar vocês onde ele se encaixa na linha do tempo do casal. Essa história se passa depois de ‘Primeiro Encontro’ e antes de ‘Tradições Natalinas’. Ambos estão aqui no blog e caso vocês não tenham lido, são dois contos bem curtinhos. De qualquer forma, como as histórias, apesar de serem sobre os mesmo personagens são independentes, não pretendo manter uma sequencia aqui enquanto publico.

Agora, que tal um romance com direito a primeiro beijo e um pouco de drama?

Conteúdo sensível: relato de agressão - sem descrição, apenas a menção ao fato.

Foram muitas mensagens trocadas via SMS, tecnologia que se popularizava em celulares no início dos anos 2000 e a preferida de Zephy. As conversas começaram tímidas e curtas, mas logo foram se estendendo à medida que crescia a intimidade entre ela e John.

Descobriram muitos gostos parecidos e deram boas risadas madrugada adentro, o único horário que o rapaz tinha disponível por conta dos estudos. A jovem não se importava, nunca teve o costume de dormir muito cedo. No entanto, o momento de conversarem pessoalmente pela segunda vez estava cada vez mais próximo e ambos conseguiam sentir.

Estou com saudade de ouvir sua voz” digitou John.

Zephy começou a escrever sua resposta, mas apagou várias vezes. Não queria ferir os sentimentos dele, mas ela realmente não gostava de ouvir uma pessoa sem ver seu rosto, e por isso evitava telefonemas. O jovem percebeu pela demora o que estava acontecendo e enviou mais uma mensagem.

Pode ser pessoalmente”.

Quando?

A proposta não demorou nem 10 segundos para aparecer na tela do celular de John e um sorriso iluminou o rosto dele enquanto digitava os dias e horários que tinha disponíveis.

Zephy também estudava, mas sem pensar muito sobre o que faria no futuro, pois o dinheiro da família garantia a ela a possibilidade de escolher ao que se dedicar. Literatura era sua paixão, mas ela não fazia distinção de gênero quando mergulhava nos livros. Era uma acumuladora de informações. Os três irmãos eram. Já John tinha o sonho de ser médico e com o trabalho além de ajudar os outros, fazer o mesmo por ele, garantindo a tão sonhada liberdade.

Autocontrole

A busca levou 1 ano e a todos os envolvidos estavam radiantes porem ter conseguido. O serial killer que tirou o sono dos investigadores finalmente estava em poder deles e, contrariando as estatísticas, era uma mulher. Seus traços teriam encantado pelo menos a metade dos oficias de segurança pública, não fosse a crueldade de seus atos e a firmeza em seu olhar.

Mais de cinquenta homens uniformizados enfileirados no corredor a encaravam, todos de arma em punho e expressão séria no rosto. No entanto, a jovem mulher não demonstrava o menor sinal de estar incomodada ou sequer com medo daquilo.

— Você está muito tranquila para quem provavelmente vai encarar o corredor da morte daqui a alguns meses — comentou o oficial.

— Sabe qual a característica mais conveniente para um serial killer? — perguntou ela.

— Frieza, falta de amor ao próximo...

— Autocontrole.

O oficial olhou para mulher com algemas nos pulsos e nos tornozelos com uma fina corrente unindo os membros e limitando seus movimentos e, por mais estranho que pudesse parecer, sentiu medo. Uma sensação desconfortável que aumentou quando ela sorriu.

Turista Espacial

A pequena comunidade se aglomerou na clareira no meio do bosque empunhando lanternas, velas e lamparinas ao redor do veículo recém-derrubado. Sentiam-se como heróis que haviam acabado de salvar sua pequena vila do ataque de alienígenas furiosos que tinham a intenção de destruí-los. Mas, ao contrário de sentirem-se aliviados, o que havia no rosto deles era frustração ao verem uma mulher de calça jeans, tênis e camisa branca se arrastar para fora da espaçonave.

A alienígena olhou com medo para seus captores enquanto amparava o braço direito com o esquerdo sem saber o que fazer com o enorme ferimento. O líquido de cor vermelho intensa escorria pelo corte deixando os moradores ainda mais certos de que se tratava apenas de uma brincadeira de mau gosto para zombar deles. Não era novidade pessoas virem de cidades mais populosas para encenar uma situação que os assustasse com o intuito de ganhar visibilidade na internet.

O homem mais velho foi o primeiro a cuspir no chão e virar as costas caminhando de volta para a sua casa na tentativa de evitar a neblina fria que começava a cair. Seguindo o seu exemplo, os demais moradores foram se afastando um a um sem ao menos oferecer ajuda à estrangeira ferida.

Aurora imaginou que seria deixada para morrer, mas um jovem rapaz não havia se mexido. Olhava para ela com curiosidade. Hugo estava com uma sensação estranha e inexplicável de que a criatura com a aparência de uma jovem mulher sentada de frente para ele realmente não era humana.

Ele caminhou na direção dela, e a ração da alienígena foi se arrastar alguns metros para longe dele. Aquilo fez Hugo parar onde estava.

Concursos Literários 2022

Semana passada, na postagem [Lista] Metas 2022 no blog Mente Hipercriativa, mencionei minha vontade de participar de concursos literários para tentar motivar minha escrita e quem sabe ganhar um pouco de divulgação caso consiga escrever um texto bom o suficiente para receber premiação.

Pensando nisso, este ano pretendo ficar atenta aos editais de revistas virtuais, editoras e afins e selecionar tantos quantos eu me sentir confortável com a proposta para participar.

Tradições Natalinas

As batidas na porta da frente surpreenderam os 3 irmãos que assistiam a um filme na TV da sala. Como de costume, Zephyrus, ou Zephy como prefere ser chamada, se adiantou para atender, já sabendo que William e Wendy não fariam isso. A jovem não se importava, pois geralmente era entrega de encomenda para um deles ou uma visita para ela. Ao abrir a porta ela descobriu se tratar da segunda opção.

— John! — ela abriu um sorriso ao ver o namorado parado na soleira da porta. — Não estava esperando sua visita. Pelo que entendi você ia passar o Natal em casa...

— Eu tentei, eu juro que tentei — o desânimo estava evidente no rosto dele.

— O que aconteceu? Ele bateu em você de novo? — perguntou ela preocupada conhecendo tratamento desumano que o jovem adulto recebia em casa.

— Não, — um pequeno sorriso apareceu no rosto de John. — Durante o Natal ele é um exemplo de inspiração para todos — ironizou. — Aguentei o máximo que consegui, mas não vou fazer o papel de filho problemático de pais esforçados.

— Se você vai ficar com a gente, não é melhor entrar logo? — gritou William do sofá que dividia com Wendy. — Está caindo neve dentro de casa.

John e Zephy olharam para baixo e perceberam os delicados flocos embranquecendo o chão e seus pés. Os dele calçados enquanto os dela, descalços.

— Como ele sabe que eu vim pedir abrigo? — perguntou o jovem entrando enquanto a namorada fechava a porta.

[Refletindo] Semeadora de Ideias

Meus textos são como árvores plantadas com todo cuidado, observadas em sua primeira fase de crescimento e depois deixadas à própria sorte. Podem dar frutos, sombra ou cair durante uma tempestade antes que alguém sequer tome consciência de sua existência.

Para mim, essa é a parte mais difícil quando o assunto é continuar semeando (escrevendo), sem saber se está sendo útil para alguma coisa ou apenas gastando energia elétrica. Não sei se minhas palavras estão alcançando alguém, confortando algum coração ou apenas se perdendo em meio a tantas outras, igualmente valiosas, que existem por aí. Tem mais gente para elogiar o fato de eu ser escritora, do que realmente ler e fazer algum comentário a respeito.

De onde tirar motivação então? Por que passar as ideias que estão na minha cabeça para o papel e depois publicar, se o interesse das pessoas é tão pequeno? A única resposta que eu tenho é também a que me faz sentir egoísta e culpada: Porque escrever me faz muito bem.