[Refletindo] Semeadora de Ideias

Meus textos são como árvores plantadas com todo cuidado, observadas em sua primeira fase de crescimento e depois deixadas à própria sorte. Podem dar frutos, sombra ou cair durante uma tempestade antes que alguém sequer tome consciência de sua existência.

Para mim, essa é a parte mais difícil quando o assunto é continuar semeando (escrevendo), sem saber se está sendo útil para alguma coisa ou apenas gastando energia elétrica. Não sei se minhas palavras estão alcançando alguém, confortando algum coração ou apenas se perdendo em meio a tantas outras, igualmente valiosas, que existem por aí. Tem mais gente para elogiar o fato de eu ser escritora, do que realmente ler e fazer algum comentário a respeito.

De onde tirar motivação então? Por que passar as ideias que estão na minha cabeça para o papel e depois publicar, se o interesse das pessoas é tão pequeno? A única resposta que eu tenho é também a que me faz sentir egoísta e culpada: Porque escrever me faz muito bem.

Enquanto estou escrevendo esqueço boa parte, senão todos, os problemas, as preocupações, os amores que não vivi e os traumas que me tornaram quem eu sou, ou pior, que podaram drasticamente meu potencial. Gastei muita energia me protegendo e me regenerando, apenas para ser ferida novamente reiniciando o ciclo deixando cicatrizes que dificilmente irão sumir.

 

Acho que são exatamente essas experiências que me fazem sentir tão culpada enquanto estou escrevendo sem saber se alguém vai ler. Uma voz na minha consciência me diz para fazer algo mais útil pelo mundo ao invés de me comportar de maneira tão egoísta. Se não vivi tudo o que desejava eu deveria ignorar e não fazer tanto drama, pois há pessoas com problemas mais sérios que não fogem da realidade dessa forma.

Às vezes essa voz vence, mas hoje ela perdeu e estou aqui plantando mais uma semente. Espero que toque o coração de alguém. Que sirva de incentivo. Se não faz mal para ninguém, e nos deixa feliz, devemos nos dar o direito de fazer coisas que talvez não agreguem em nada à vida de outra pessoa. Nem tudo é sobre ser útil.

Não estou procurando culpados, mas sim a cura. Se ela virá das minhas histórias, não sei. Só sei que em cada encontro com meus personagens sou transportada para um mundo onde consigo viver aventuras e paixões que eu gostaria de experimentar na vida real. Também consigo experimentar dramas e horrores, mas esses eu prefiro que continuem nas páginas dos livros mesmo.