Feliz 2012!
Aparência
As 20 máquinas do infocentro comunitário estavam ocupadas, por isso ela precisou esperar ao lado da porta. Sobre cada uma das cinco longas mesas de madeira, havia quatro computadores com cadeiras de plástico em frente aos equipamentos.
Mariana achava ruim usar aquele lugar porque os usuários que o frequentavam aparentemente desconheciam por completo o significado da palavra comunitário e deixavam os computadores em péssimo estado ignorando que outras pessoas poderiam usá-lo.
Uma menina na máquina ao lado dela, que usava fones de ouvido com uma música alta tocando, sorriu em meio a um deboche enquanto estourava uma bola de chiclete na frente do rosto e colocava a goma novamente dentro da boca com os dedos para continuar mastigando.
Antes de começar sua busca, Mariana checou seus e-mails, seus perfis nas redes sociais, que nunca deixava de atualizar diariamente, e acabou se distraindo e esquecendo o objetivo que a levara até ali. Quando distanciou seus olhos por um instante do monitor, tomou um susto ao perceber quanto tempo havia passado.
A tarde havia dado lugar ao escuro da noite, e os frequentadores do infocentro começaram a mudar. Um arrepio que começou na base da coluna de Mariana logo se espalhou pelo seu corpo. Sua boca ficou seca e seus batimentos cardíacos aceleraram.
Ao seu lado não estava mais a menina mastigadora de chiclete, mas sim um homem cujo rosto ela não conseguia ver por causa do imenso capuz que compunha o agasalho que ele usava mesmo com o calor que fazia.
Na fileira de computadores logo à sua frente, um homem alto de cabelos brancos e despenteados acessava uma página cheia de fotos de animais sendo torturados.
O pânico estava tomando conta de Mariana e o desejo de ir embora dali surgiu como uma voz impossível de ignorar em seu subconsciente.
A necessidade de fazer a pesquisa a segurava ali, mas ao ver uma senhora sentada no computador ao seu lado olhando um site com fotos de moças e rapazes seminus com aparentemente a mesma idade de Mariana, a fez levantar e sair daquele lugar correndo sem querer olhar para trás.
(...)
Meia hora mais tarde, o homem que estava de casaco com capuz, pegou seus livros e foi para a aula. Mesmo com a febre causada por conta da sinusite que o havia acometido, ele não perdia um só dia. Era a sua única chance de conseguir finalmente passar no vestibular.
O homem alto de cabelos brancos e despenteados enviava freneticamente e-mails a todos os seus amigos e divulgava nas redes sociais dados sobre uma famosa grife de roupas que estava usando peles de animais em suas confecções tentando iniciar uma campanha contra ela.
A mulher continuava com os olhos no site que hospedava as fotos de moças e rapazes seminus. Ela havia recebido uma informação de que seu filho, que havia sido sequestrado alguns meses atrás, estava sendo obrigado a se prostituir em outro país em troca de moradia e alimento. A polícia estava sem esperanças de conseguir encontrá-lo, mas ela nunca desistira.
Mariana chegou em casa decepcionada por ter perdido tempo nas redes sociais e acabado não fazendo a pesquisa que tanto precisava. Teria que usar toda a sua criatividade para encontrar uma solução para o problema que tinha nas mãos. Precisaria descobrir sozinha, a melhor maneira para se livrar do cadáver de seu vizinho sem deixar rastros.
[Poema] Além do que se enxerga
[Poema] Weird
[Poema] O Romance nunca morre...
Mesmo que alguns não possam crer,
o Romance ainda é vivo,
e o será eternamente,
enquanto existir um coração disposto a acolhê-lo.
Se dois corações decidirem mantê-lo,
aí não só o Amor será eterno,
mas também a alma dos amantes que se permitiram envolver por esse sentimento.
Mais que atração física,
o Romance transcende a carne,
e pelo olhar se transmite.
Ele é calmo e acalma...
É o porto seguro para as almas atribuladas...
É o que deveriam buscar todos aqueles que um dia sonharam compartilhar sua felicidade com alguém...
Mas é necessário que não se tenha pressa,
ou o Romance pode se perder no meio da tempestade da paixão,
como um grão de areia no meio do deserto.
E quando a tempestade passar,
os amantes podem não conseguir continuar juntos,
pois em meio a tanto caos,
pode ser que não encontrem aquilo que os uniu...
O Amor.
Destination Unknown (Final)
(Parte 04 de 04)
Benjamin pegou sua carteira, tirou seu cartão de crédito e o mostrou para a atendente. Ela registrou um quarto de casal no nome dele e entregou uma chave com uma plaquinha com o número do quarto. Os dois saíram da recepção e seguiram para o lá. Benjamin abriu a porta e os dois entraram. O quarto era simples e aconchegante. Tinha apenas uma cama de casal, uma penteadeira com uma pequena televisão em cima e um banheiro. Ele colocou a bagagem no chão e fechou a porta.
— Aconteceu o que eu realmente acho que aconteceu? — Victoria perguntou sentando na beirada da cama e acendendo a luz de uma luminária que havia fixada à cabeceira.
— Acho que sim — Benjamin respondeu sentando ao lado dela. Ele pegou as pernas da esposa e colocou sobre seu colo. A meia-calça que ela usava, parecia uma rede de tantos buracos.
— Me lembre de nunca mais subir em uma árvore usando meia-calça — ela pediu sorrindo.
— Você se arranhou bastante — ele comentou enquanto tirava as sapatilhas dela.
— Foi quando a ventania começou. Escorreguei alguns centímetros até conseguir me segurar — ela respondeu.
— Não pude deixar de pensar em uma coisa — Benjamin comentou.
Destination Unknown (Parte 03)
(Parte 03 de 04)
— Essa é a foto de que eu te falei — Benjamin disse parando em frente a uma poltrona rústica e olhando para o painel que ficava por cima dela e devia ter pelo menos uns 30 cm de altura por 50 cm de largura. Nela estava o salão de jantar do hotel e muitas pessoas estavam de pé no que parecia ser um baile. As roupas que elas usavam eram sem dúvida da década de 50 e o salão era o mesmo, nos móveis e na decoração.
— Realmente parece coisa antiga. Esse hotel não é nada novo.
— Também achei, mas é um bom lugar.
— É verdade — Victoria concordou. Ela continuou olhando outras fotos menores tão antigas quanto aquela, enquanto Benjamin olhava os outros objetos antigos que faziam parte da decoração da sala — Ben, — Victoria chamou. — Vem ver uma coisa.
Enquanto Benjamin atravessava a sala indo ao encontro da esposa, a porta principal do hotel na recepção foi aberta de súbito e por ela entraram cinco homens fortemente armados e encapuzados que surpreenderam Eva atrás do balcão da recepção.