O começo de um sonho

Annabelle jogou a cabeça para trás e mexeu o pescoço de um lado para o outro assim que terminou de recolher a louça suja deixada na mesa pelas duas clientes que haviam acabado de sair do Art's Café.

— Cansada? — perguntou Felipe que trabalhava como caixa no café de seu pai, Arthur.

— Com calor… — respondeu a funcionária que usava um avental bege de sarja lisa com detalhes estampados nas cores vermelho e verde na barra, perto do pescoço, em volta de um único bolso e da fita para amarrar na cintura. Sobre esse bolso, ainda havia um Papai Noel bordado em patch aplique e ponto caseado. Ela tirou a bandana, da mesma estampa dos detalhes coloridos, já um pouco úmida na região das orelhas.

— Vou diminuir mais um pouco a temperatura do ar-condicionado — avisou o homem pegando o controle remoto branco. Como não estava atendendo as mesas naquele dia, ele usava suas roupas comuns, jeans e camiseta azul de mangas curtas com estampa remetendo a um filme de fantasia.

A mulher sorriu para o amigo em agradecimento.

O sinal que faltava

Muita coisa aconteceu nas vidas de Gregory e Stella desde que se conheceram no Brasil durante a primeira investigação internacional dos dois. Ambos não haviam completado 30 anos quando um assassino em série uniu as polícias de Las Vegas e Juiz de Fora para acabar com a trilha de sangue deixada pelo homem que atraía crianças para a morte. Caso resolvido, Greg, sua parceira, Sara, e o chefe dos dois, Jason, voltaram para os Estados Unidos deixando um convite para Stella se juntar a eles.

Meses mais tarde, era ela quem viajava para uma experiência trabalhando fora do país. Foi quase um ano e vários casos resolvidos até que a turbulenta noite da cidade estadunidense que nunca dorme a fez sentir saudade da relativa paz que tinha em sua cidade natal no interior de Minas Gerais. Com a promessa que voltaria para visitar os amigos que fez na equipe de peritos e investigadores de Las Vegas, Stella retornou ao Brasil.

Além do casual

Não era a primeira vez dela em Londres, porém, muita coisa havia mudado desde então. A Terra da Rainha agora tinha um rei, seu filho, que assumira o trono após a morte da mãe, e ela própria tinha uma herdeira. Era a primeira viagem internacional da bebê e o primeiro lugar que a mulher quis que a filha conhecesse. A cidade onde ela havia se apaixonado e sido correspondida pela primeira vez, evento o qual a motivou a acreditar que tinha o direito de ser feliz, sem o qual talvez nunca tivesse gerado uma criança.

As duas estavam na varanda do hotel terminando o café da manhã, quando, em uma conferida nas redes sociais de seu ator favorito, ela descobriu que o homem estava gravando na cidade aquela manhã. Buscando informações sobre o filme, a mulher se deparou com um convite irresistível. A equipe de filmagem estava procurando uma criança menor de 1 ano para gravar com o ator na cena final do filme.

A pequena loja de substantivos abstratos

O sininho em cima da porta da loja soou avisando ao velho homem atrás do balcão de madeira sobre a entrada da cliente. A jovem de cabelos pretos sorriu para o idoso que já conhecia de outras visitas e se apressou em dizer o que havia vindo buscar. Edgar sorriu enquanto Lara retirava a lista do bolso da calça jeans.

— Preciso de 5 meias verdades, 1 mentira e 3 alegrias, por favor.

— Pedido grande dessa vez… — comentou ele pegando pequenos potes de vidro vazios embaixo do balcão antes de se virar de frente para os maiores nos nichos da estante que cobria toda a parede atrás dele. — Algum motivo especial? Se me permite perguntar…

— Reunião de família — respondeu Lara sem se constranger enquanto seus olhos vagavam pela loja. Todo mundo levava aquele tipo de coisa para encontros como aquele. — O que tem naquele pote na vitrine, Edgar?

Amizade pra vida toda

O frio típico do mês de julho aparentemente havia vindo com mais força na cidade do interior de Minas Gerais e não havia quem não estivesse com, pelo menos, um sintoma de gripe. Annabelle, com a vacinação em dia, ficou livre dos sintomas mais severos da doença sazonal, mas nem por isso conseguiu passar o período sem o nariz entupido, garganta arranhando, olhos lacrimejando e corpo pesado e dolorido.

Ao perceber como estava naquela manhã de quarta-feira, ela imediatamente ligou para seu chefe com a intenção de avisar que estava sem condições de comparecer ao trabalho. Lidando diretamente com o público e a comida na cafeteria, não poderia arriscar a colocar as pessoas em contato com um vírus desconhecido. Todos ainda estavam bastante traumatizados com o que havia acontecido em 2020.

YOLO - Só se vive uma vez

Alguém aqui gosta de mistérios intrigantes no melhor estilo Sherlock Holmes, protagonistas carismáticos, romance, drama, perigo, momentos fofos e engraçados? Então provavelmente essa história vai te interessar!

Sinopse: Dr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar permanente para viver além de amizades incondicionais e Molly está se divertindo com o comportamento nada convencional de seu amigo, estranhamente obcecado em estudá-la. Entretanto, apesar das aparências, o dia a dia de quem convive com um detetive consultor, o único do mundo, passa longe de ser trivial. O passado sempre retorna à superfície para quem já trilhou caminhos perigosos os quatro amigos já estiveram face a face com o perigo. Se estiver à procura de mistério, drama e algumas pitadas de romance, acabou de encontrar. De caça ao tesouro a um encontro de casais numa casa noturna com direito àquela primeira vez inesquecível, essa história traz o melhor e o mais intenso que se pode viver na companhia de Sherlock Holmes e John Watson.

Profecia na garrafa

Zephyrus já estava ficando cansada com tantas fichas de cadastro que o namorado, John, preenchia. Ele queria a todo custo encontrar uma maneira de custear o curso de medicina na Kings College London sem depender dos pais. A jovem chegou a oferecer ajuda financeira e até comentou que ele poderia devolver o dinheiro quando estivesse formado e empregado como médico se quisesse, mas John estava atrás de sua total independência. Um empréstimo não era o que tinha em mente, mesmo sabendo que as posses da família da namorada eram suficientes para pagar todas as taxas obrigatórias e os extras que desejasse.

— Você tá chateada? — perguntou ele sem tirar os olhos do papel que preenchia.

— Por que estaria? — Ela olhava para as folhas sobre a mesa completamente entediada.

— Por eu não aceitar sua oferta. — John finalmente a encarou.