Destination Unknown
A cerimônia de casamento havia durado exatamente uma hora, mas o que Benjamin e Victoria não esperavam era que seus amigos tivessem preparado uma pequena recepção surpresa para os dois. Eles queriam um casamento simples e com os cumprimentos na igreja, mas não tiveram como escapar da festa surpresa de casamento.
Com algumas horas de atraso, finalmente os dois haviam conseguido sair da festa e se dirigiram para o hotel onde haviam feito reservas para a lua de mel. Victoria, que estava sentada no banco do carona, escolhia um CD para tocar. Por fim pegou um que ela havia gravado com músicas de vários artistas e colocou para tocar. A primeira faixa era Hotel California do grupo The Eagles.
— Boa música — comentou Benjamin, um homem alto, já na casa dos 30, aumentando um pouco o volume.
Victoria, apenas dois anos mais nova que ele, sorriu se recostou no banco com seus cabelos castanhos ondulados com luzes na cor rosa pink emoldurando perfeitamente seu rosto — tem certeza que não quer que eu dirija?
— Precisa não, linda. Relaxa e curte a viagem. — Os cabelos loiro escuro de Benjamin balançavam ao sabor do vento.
Depois de dirigir por alguns quilômetros na rodovia, ele pegou uma estrada secundária e dirigiu por cerca de 30 minutos por uma via sem asfalto que cortava uma floresta até chegar ao pátio do Hotel Magnólia. O lugar parecia deserto. Era uma casa muito grande, com oito janelas na fachada, dois andares um enorme jardim na frente. As plantas estavam bem cuidadas e o verde combinava com a cor da floresta em volta do pátio. Uma mulher de cabelos pretos curtos e corpo esbelto, com aparentemente 40 anos apareceu na porta do Hotel.
— Bem vindos ao Hotel Magnólia — disse ela sorrindo.
Benjamin e Victoria sorriram de volta e agradeceram.
— Vocês têm reserva? — perguntou a mulher.
— Sim, fizemos na semana passada pelo telefone — Benjamin respondeu.
— Venham conhecer o hotel antes de se registrarem então — a mulher convidou.
Os dois concordaram com um aceno de cabeça e a seguiram para dentro do hotel. Na recepção, um carpete vermelho cobria todo o chão. Havia um balcão de madeira, onde se faziam os registros, logo de frente para a porta e atrás dele, um mural, também de madeira, estava repleto de chaves. Do lado direito do saguão, havia uma escada que dava acesso aos quartos no segundo andar. E do lado esquerdo uma sala de estar com uma grande lareira, uma mesa de centro, uma estante com muitos livros, dois sofás bem grandes e duas cadeiras. Tudo em estilo rústico.
Uma grande porta nos fundos da sala dava acesso ao salão de festas onde várias mesas, com quatro cadeiras cada, que se encontravam distribuídas no entorno de uma mesa muito maior onde provavelmente eram postas as refeições. O salão tinha pelo menos três portas que davam acesso a uma varanda que circundava todo o local.
— Ali embaixo temos uma piscina e aqui nos fundos um jardim coberto onde os hóspedes podem aproveitar a natureza mesmo em dias chuvosos — a mulher concluiu enquanto eles desciam por uma pequena escada saindo da varanda e indo para a parte de trás do hotel.
— E ali embaixo? — perguntou Victoria apontando para uma pequena porta que evidenciava a presença de um cômodo logo abaixo da varanda e que provavelmente ocupava boa parte de baixo do piso do primeiro andar.
— É o porão. Íamos fazer uma sauna ali, mas desistimos da ideia. — A mulher respondeu. — E então? Gostaram? — ela perguntou sorrindo.
Victoria e Benjamin trocaram um rápido olhar.
— Maravilhoso — disse Victoria.
— Vamos ficar — continuou Benjamin.
— Então venham até a recepção para que possam fazer a ficha.
Os dois seguiram a mulher de volta para dentro do hotel.
— Senhora, qual é mesmo o seu nome? — perguntou Victoria.
— Ah, me desculpem. Meu nome é Eva.
— Somos Victoria e Benjamin Shepherd — continuou a esposa.
Os três trocaram sorrisos.
— O registro vai ser feito no nome de quem? — Eva perguntou entrando atrás do balcão da recepção.
— No meu nome — respondeu Benjamin tirando a carteira do bolso e pegando seu cartão de crédito.
— Hum, pagamentos só em dinheiro — a mulher avisou.
— Sem problemas — respondeu Benjamin guardando o cartão e separando algum dinheiro.
Feito o pagamento, Eva entregou uma chave a eles.
— Vocês estão no quarto número 4.
— Obrigado — disse o homem sorrindo e pegando o objeto.
(...)
Os quartos ficavam no segundo andar do hotel. O que Victoria e
Benjamin ocuparam era o terceiro à direita do final da escada. Benjamin abriu a
porta e eles entraram. Os dois ficaram perplexos ao verem o interior do quarto.
As paredes eram cobertas por um papel de paredes amarelado com pequenos ramos de flores vinho desenhadas. Ao lado da janela havia um guarda-roupa de madeira maciça aparentemente com mais de um século de existência. Aos pés da cama um banco estofado com um tecido no mesmo tom do papel de parede e, com listras vermelhas já bastante desbotadas, combinava com a cama também de madeira maciça e tinha um dossel de onde cortinas, feitas do mesmo tecido que o estofamento do banco, pendiam amarradas. Duas mesinhas de cabeceira, um de cada lado da cama completavam o mobiliário. As cortinas da janela também eram trabalhadas na mesma estampa deixando o quarto com uma uniformidade estranha.
— Aconchegante — disse Victoria segurando o riso.
— Aposto que se você tivesse decorado teria ficado melhor — disse Benjamin fechando a porta.
— Me agradando assim por quê? — perguntou a esposa.
— Porque eu amo você? — respondeu Benjamin sorrindo e tentando beijá-la, mas Victoria se desvencilhou de Benjamin.
— Sei... — Victoria sorriu. — Estou louca por um banho — ela colocou sua mala de rodinhas no chão e a abriu.
Benjamin deixou a mochila que carregava no chão e se sentou na cama enquanto a observava pegar as roupas. Quando tinha tudo em mãos, Victoria se levantou e seguiu para o banheiro que ficava atrás de uma porta ao lado do guarda-roupa.
— Você não vem? — perguntou ela parada ao lado da porta.
Benjamin abriu um sorriso, tirou a carteira e o celular do bolso e foi para o banheiro.
Seguindo o estilo do quarto, as louças do banheiro pareciam pertencer a uma mansão bem antiga. Todas em branco, mas já um pouco amareladas, contrastando com ladrilhos vermelhos que cobriam o chão enquanto paredes e teto eram cobertos por tinta branca.
— Acho que exageramos na espuma — disse Victoria, que estava junto de Benjamin dentro da banheira que transbordava.
— Verdade, — Benjamin sorriu. — Espero que a arrumadeira não fique brava com a gente.
Victoria segurou algumas bolhas de sabão na mão e soprou fazendo-as voar pelo banheiro. Ela olhou para Benjamin e deitou sobre seu peito. Ele a abraçou e passava as mãos por seus cabelos enquanto ela brincava com a espuma sobre os braços dele.
— Estava com saudade de ficar assim sozinho com você. Essas últimas semanas foram difíceis — ele comentou.
— Também senti sua falta. Organizar um casamento não é fácil. Principalmente o quando você é a noiva — ela sorriu.
— Mas no final deu tudo certo não foi? — ele perguntou.
— Sim. Foi maravilhoso como eu sempre sonhei — ela respondeu. — Você também gostou?
— De tudo — ele respondeu. — Principalmente da noiva — Benjamin sussurrou ao ouvido dela.
Victoria sorriu e eles se beijaram. No entanto, a movimentação súbita deles faz uma grande quantidade de água cair no chão.
— Acho melhor a gente parar com isso antes que inundemos o hotel. — Victoria sorriu.
— Tenho uma ideia melhor — Benjamin se levantou, tirou Victoria de dentro da banheira e a carregou no colo até a cama. Apesar da aparência não tão musculosa, os exercícios diários no Central Park lhe garantiam músculos fortes. Na verdade, o corpo esguio da mulher também ajudava.
— Agora a gente encharcou a cama — ela sorriu para o marido.
— A gente dá um jeito nisso depois. — Benjamin se deitou sobre ela e a beijou.