Destination Unknown (Parte 03)

Essa é a continuação do conto. Divirtam-se! E não se esqueçam de deixar comentários! A opinião de vocês é muito importante! Para quem não leu: (Parte - 02)
 

Destination Unknown

(Parte 03 de 04)

Depois que terminaram o jantar, eles ainda se serviram de sobremesa. Não foi mais fácil escolher o que queriam entre as opções do que havia sido no jantar. Havia frutas em calda quente, três tipos de bolo, um pudim apetitoso e um pavê de chocolate de dar água na boca. Depois de saborearem mais de uma dessas delicias os dois se retiraram do salão de jantar e foram para a sala que ficava logo ao lado da recepção.

— Essa é a foto de que eu te falei — Benjamin disse parando em frente a uma poltrona rústica e olhando para o painel que ficava por cima dela e devia ter pelo menos uns 30 cm de altura por 50 cm de largura. Nela estava o salão de jantar do hotel e muitas pessoas estavam de pé no que parecia ser um baile. As roupas que elas usavam eram sem dúvida da década de 50 e o salão era o mesmo, nos móveis e na decoração.

— Realmente parece coisa antiga. Esse hotel não é nada novo.

— Também achei, mas é um bom lugar.

— É verdade — Victoria concordou. Ela continuou olhando outras fotos menores tão antigas quanto aquela, enquanto Benjamin olhava os outros objetos antigos que faziam parte da decoração da sala — Ben, — Victoria chamou. — Vem ver uma coisa.

Enquanto Benjamin atravessava a sala indo ao encontro da esposa, a porta principal do hotel na recepção foi aberta de súbito e por ela entraram cinco homens fortemente armados e encapuzados que surpreenderam Eva atrás do balcão da recepção.

Benjamin correu para perto de Victoria e junto com ela se sentou no chão ao lado do sofá se escondendo bem na hora em que dois dos homens correram para dentro do salão de jantar. Por sorte os bandidos aparentemente não tinham visto os dois escondidos atrás do sofá.

Os bandidos foram pegando tudo de valor que estava acessível — entregue todo o dinheiro! — Um deles gritou para Eva.

A mulher tremia muito e tinha dificuldades para abrir o cofre.

— Pensa que temos a noite toda? — o homem apontou a arma na direção de Eva.

Benjamin tentou se levantar pensando em ajudar, mas Victoria o segurou — é suicídio, eles estão armados. — Ela sussurrou. Ele se sentou novamente. A esposa tinha razão. Nada podia ser feito contra aqueles homens tão bem armados. No entanto, era impossível não perceber o quanto aquelas armas eram estranhas. Pareciam ter saído de um filme antigo de gângster. Nessa hora ele chegou a duvidar se elas realmente funcionavam, mas sua dúvida foi sanada quando o bandido disparou um tiro contra Eva acertando-a no peito.

— Que droga Jasper! Será que você não sossega esse dedo no gatilho? — um dos bandidos gritou irritado.

Do salão de jantar, um homem veio correndo desesperado gritando por Eva. Victoria e Benjamin reconheceram Carson, o garçom que havia lhes servido o vinho. Atrás dele outro bandido o seguia e atirou nele.

— Bando de incompetentes! Quem vai abrir o cofre agora? Vocês atiraram nos donos da droga do hotel! — o bandido, que parecia ser o chefe do bando, gritou novamente.

No salão de jantar, havia ficado apenas um homem, e as pessoas que estavam presas lá pareciam ter resolvido reagir. O que se seguiu foi uma mistura de gritos e barulho de coisas quebrando.

— Vamos dar o fora daqui! — um dos bandidos gritou.

Sem se preocuparem com o homem que havia sido golpeado e agora estava caído no salão de jantar, os 4 integrantes do grupo fugiram para o pátio do hotel. Benjamin se levantou rapidamente e chegou à janela que estava do lado direito dos dois para olhar se os bandidos realmente estavam indo embora. Victoria também se levantou e ficou ao lado dele. Os bandidos fugiam em um Bentley S1, daqueles que só se vê em museus, levando apenas o que haviam conseguido recolher.

No entanto, ao contrário do que os homens pensaram, Carson não estava morto. Ele se levantou e mesmo com um ferimento no abdômen que sangrava muito, atravessou a sala e acolheu Eva, que estava caída atrás do balcão, entre seus braços. Lágrimas escorreram dos olhos dos dois, mas eles não tinham força para dizer nenhuma palavra. Apenas se beijaram. O que provavelmente seria o último beijo de suas vidas.

— Temos que pedir ajuda — Victoria retirou seu celular de um bolso no vestido. — Sem sinal — ela olhou desapontada para o marido.

Ele retirou seu celular do bolso, mas também não havia recepção do sinal da antena para ele.

— Como a gente não percebeu que estava sem celular? — Victoria perguntou. — Alguém deve ter um que funcione no salão.

Os dois saíram correndo em direção ao salão de jantar. A confusão havia tomado conta do local. Várias mulheres estavam assustadas, algumas crianças chorando e os homens tentando acalmá-las. Perto do bandido, que havia sido deixado para trás por seus comparsas e ainda estava desacordado, estava um homem medindo sua pulsação. Benjamin e Victoria imaginaram que ele seria um médico e resolveram pedir ajuda para Eva e Carson que haviam sido baleados.

— O senhor é médico? — Benjamin perguntou tocando o ombro do homem. — Tem duas pessoas baleadas na recepção.

Não dava para saber se o homem havia ouvido Benjamin ou não, pois a agitação abafava qualquer tentativa de comunicação no local. Entretanto, ele se levantou sem dizer uma só palavra e seguiu para a recepção.

— Alguém tem um celular que esteja funcionando? — Victoria perguntou, mas as pessoas pareciam assustadas demais para responder qualquer coisa. — O que a gente faz? — ela perguntou ao marido. — Inútil continuar tentando — ela olhava aflita para as pessoas no salão. — Parece que ninguém quer falar com a gente. É quase como se ninguém estivesse nos vendo.

— Mas temos que fazer alguma coisa — disse Benjamin. — Vamos lá fora. Quem sabe em algum lugar mais alto do terreno consigamos sinal.

Os dois saíram do salão de jantar. Estava completamente escuro lá fora. Apenas alguns postes de ferro do jardim clareavam o caminho. O vento soprava tão gelado que parecia congelar os ossos, mas Benjamin e Victoria não desistiram. Fora da área de lazer do hotel havia o que parecia ser uma pequena floresta. Os dois hesitaram um pouco antes de entrar no meio das árvores, mas talvez a copa alta de uma árvore fosse a resposta mais plausível naquele momento.

Os dois pararam debaixo de uma árvore.

— Me ajuda a subir — Victoria pediu. Nessas horas ela achava que sua altura mediana não ajudava muito.

— Não. Melhor eu ir — Benjamin, que era um pouco mais alto que a esposa, sugeriu.

Victoria sorriu — um dos meus passatempos preferidos nas férias quando eu era criança. — Ela conseguiu agarrar um galho mais baixo e subiu na árvore com agilidade — nem pensar que eu perco essa chance. — Benjamin passou seu celular para ela. Victoria escalou pelos galhos da árvore.

Quando chegou a um local que julgou alto o suficiente segurou um aparelho em cada mão.

— Então? — Benjamin perguntou ansioso. — Algum sinal?

— Nenhum dos dois — ela respondeu desapontada olhando para o seu celular e o do marido.

Um estampido vindo de dentro do hotel chamou a atenção dos dois. Victoria começou a descer da árvore e Benjamin apenas a esperava para poderem ir ver o que acontecia, mas um vento muito forte começou a soprar. Os galhos das árvores balançavam tanto que Victoria teve que parar de descer e se segurar onde estava para não cair. Benjamin se segurou na árvore, pois estava difícil se manter em pé.

As folhas caídas no chão e as que se soltavam rodopiavam em volta dos dois, parecia a aproximação de um furacão. No entanto, de repente, tudo ficou quieto e escuro. Apenas a lua cheia clareava o local. O único som que se ouvia era o canto dos pássaros ao longe. Victoria terminou de descer da árvore e foi amparada por Benjamin.

— Você está bem? — ele perguntou preocupado.

— Acho que vou precisar de uma meia—calça nova — ela respondeu sorrindo enquanto tentava se livrar das folhas presas em seu cabelo. — Ben, está ouvindo? — Victoria perguntou. — Sirenes! A polícia deve estar chegando.

— Talvez alguém no salão tenha conseguido sinal — Benjamin continuou.

— Ou talvez tenham usado um telefone fixo — completou Victoria. — Devíamos ter pensado nisso.

Os dois correram para a entrada do salão de festa por onde eles haviam saído alguns minutos atrás, mas ao entrarem, se espantaram com o que viram. Ou melhor, com o que não viram. O salão estava na mais completa escuridão. As janelas antes abertas agora estavam trancadas e com as cortinas cerradas. As cadeiras estavam sobre as mesas e o que não estava protegido por um pano branco estava coberto de poeira. Os faróis do carro da polícia vindo pela estradinha que dava acesso ao Hotel Magnólia era a única iluminação da qual eles dispunham ali dentro.

Benjamin e Victoria deram as mãos e foram andando pelo salão, anteriormente bem iluminado, guiando-se agora pelo tato até o atravessarem por completo sem entender o que estava acontecendo. Eles passaram pela pequena sala onde estavam as fotos antigas e foram para a recepção, saindo pela entrada principal no saguão e parando no jardim, antes vistoso, nada parecido com seco e morto que viam agora.

— Quem são vocês? — perguntou um dos policiais que saiu de dentro do SUV. Seu uniforme estava bastante esticado mostrando que o homem já precisava de um número maior.

— Benjamin e Victoria Shepherd. Somos turistas. Moramos em Nova Iorque — Benjamin respondeu.

— Tem alguma identificação que possa confirmar isso? — ele coçou os cabelos grisalhos.

— Temos. Está na nossa bagagem, no quarto — Victoria respondeu, mas não estava certa de se deveria ter anunciado que estavam hospedados no hotel. Ao que parecia muitos anos havia se passado desde que o ultimo hóspede havia estado ali.

— Como vocês vieram parar aqui?

— Nós estávamos na estrada e vimos uma placa que indicava um hotel e viemos conhecer — Benjamin respondeu.

— Vocês não vieram atrás dos fantasmas do Hotel Magnólia, não é?

O outro policial desceu do carro — fazia tempo que não aparecia ninguém por aqui atrás dessa história — ele comentou — ele era um pouco mais novo e mais magro que o primeiro.

— Fantasmas? — Victoria tentou disfarçar o nervosismo. — Não, — ela olhou para Benjamin na tentativa que ele a ajudasse. — Nós realmente...

— Viemos procurar um hotel para passar nossa lua de mel — Benjamin abraçou a esposa e sorriu.

O policial mais velho deu uma gargalhada que surpreendeu até mesmo seu parceiro — é, parece que vocês caíram na armadilha dos fantasmas então. Vocês não vieram atrás deles, mas eles foram atrás de vocês! — O homem lacrimejando enquanto sorria. — Eu te falei, — ele se virou para o parceiro. — Que as luzes que vinham do hotel eram de gente viva. 

Todos esboçaram um tímido sorriso um para os outros na esperança de logo saíram daquela situação constrangedora.

— Temos que buscar nossas coisas lá em cima — disse Victoria.

— Sim, vão lá. Nós vamos mostrar a vocês um hotel onde podem ficar. Sem fantasmas! — o policial chefe sugeriu voltando, ainda rindo, para o SUV.

Victoria e Benjamin sorriram para eles e voltaram para dentro do hotel. O policial mais novo permaneceu parado no jardim fitando o hotel. O casal subiu a escada em silêncio. Benjamin entrou por último no quarto e fechou a porta atrás de si. Victoria ficou parada em meio a bagagem olhando para ele. Lágrimas escorriam de seus olhos e ela tremia muito.

— Ei, fique calma — Benjamin a abraçou. — Já passou, seja lá o que tenha sido isso — ele disse.

A luz do luar entrava pela janela de forma tão intensa que iluminava muito bem o quarto. A colcha que eles haviam colocado para secar na janela ainda estava lá e foi escorregando devagar até cair no chão. Isso assustou Victoria ainda mais.

— Vamos dar o fora daqui — ela pediu se afastando de Benjamin e jogando as roupas de qualquer jeito dentro da mala.

— Espere, eu vou colocar a colcha como estava pelo menos — ele disse indo para o outro lado da cama.

— Não Benjamin! — Victoria implorou.

— Fique calma. A colcha só caiu — ele pegou o tecido no chão. — E já está seca — ele estranhou o fato, mas preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

— Claro que está! Não havia água pra molhar ela! — Victoria gritou impaciente. Mesmo sem Benjamin falar nada ela havia chegado à mesma conclusão.

— Desse jeito você vai chamar a atenção dos policiais lá embaixo — ele sussurrou. — Também só quero dar o fora daqui — Benjamin sacudiu a colcha. Algo se soltou dela e voou pelo quarto caindo próximo de Victoria — O que caiu? — ele perguntou.

— Um jornal — ela respondeu imóvel.

Benjamin colocou a colcha de qualquer maneira sobre a cama e pegou o jornal no chão. Estampado na primeira página estava uma foto do hotel.

— Senhor e senhora Shepherd, está tudo bem aí em cima? — gritou um dos policiais que os esperava.

— Vamos embora — Benjamin disse — eu vou levar isso. — Ele enrolou o jornal e o colocou na mochila — sua esposa que estava assustada e não havia gostado da ideia. — Hey, linda, isso é só um jornal. Pode ser encontrado em qualquer lugar.

— Se ele nos trouxer problemas você vai queimá-lo.

— Que tipo de problemas? — Benjamin sorriu. Vendo que sua esposa estava realmente assustada, preferiu concordar com a condição. — Okay, eu prometo.

Victoria abriu a porta do quarto e saiu seguida por Benjamin que levava sua mochila e a mala dela.

Destination Unknown (Parte 02)

Essa é a continuação do conto. Divirtam-se! E não se esqueçam de deixar comentários! A opinião de vocês é muito importante! Para quem não leu o começo: (Parte - 01).

Destination Unknown

(Parte 02 de 04)

— Quantas horas Ben? — Victoria perguntou envolta pelos braços do marido.

— Sete e meia, por quê?

— Fome — Victoria respondeu beijando o rosto de Benjamin.

Benjamin deu um sorriso irônico — também fico com fome depois de praticar exercício.

Victoria sorriu sem graça de volta para ele. Benjamin segurou as maçãs do rosto dela e beijou suavemente seus lábios.

— O que a gente faz com a colcha da cama? — Victoria perguntou olhando para o tecido molhado que eles haviam jogado no chão para se deitarem sobre os lençóis secos.

— Deve ter alguma camareira que leve ele pra secar. Até lá podemos deixa-la estendida na janela.

— É o jeito — Victoria concordou com um pequeno sorriso.

— Que horas você quer descer pra jantar? — Benjamin perguntou.

— Deve ter um horário fixo.

Benjamin se virou para a mesinha de cabeceira que havia ao lado da cama e abriu a primeira gaveta procurando por algum folheto com informações, mas não encontrou nada.

— Talvez naquela folha colada atrás da porta — Victoria apontou.

— Hum... Não enxergo nada daqui — Benjamin reclamou. — E olha que eu nem sou míope.

— Eu sou. Então enxergo menos ainda.

— Tá tão longe...

— Preguiçoso! — Victoria se enrolou no lençol e se levantou, mas Benjamin segurou uma das pontas do lençol e puxou, e eles começaram um cabo de guerra. — Para menino! — ela reclamou tentando ler o aviso atrás da porta. — O jantar é servido das oito até às dez horas — foi sua resposta voltando pra cama.

— Pra que se enrolar no lençol? — perguntou Benjamin.

— Fiquei com medo de pegar um resfriado — Victoria respondeu sorrindo e se deitando novamente ao lado do marido.

— Quer chegar lá às oito?

— Não precisa... Não tem problema se a gente se atrasar um pouquinho — Victoria sorriu.

— Te amo.

— Também te amo — Victoria respondeu beijando o marido.

(...)
Eram quase nove horas, quando Victoria e Benjamin desceram para o salão de festas onde era servido o jantar.

Apesar de o hotel parecer vazio quando os dois chegaram, havia mais hóspedes. Pelo menos uns três casais e duas famílias de três e quarto pessoas estavam jantando no salão. Victoria e Benjamin escolheram uma mesa de dois lugares perto de uma das grandes e altas janelas. Não queriam arriscar um jantar na varanda com o frio que começava a fazer lá fora.

— Olá. Meu nome é Carson. Terei um imenso prazer em servir vocês. O que desejam para beber? — um garçom uniformizado que se aproximou da mesa perguntou.

— Um vinho? — Benjamin perguntou olhando para a esposa. Ele vestia uma calça social preta e um suéter cinza com gola em "V" e mangas compridas por cima de uma camisa que pouco aparecia por baixo do agasalho. Nos pés um sapato social preto.

— Tinto e suave — ela completou. Victoria usava um vestido azul marinho de mangas compridas, e tentava se proteger do frio com uma meia—calça preta fio grosso. Nos pés usava um par de sapatilhas pretas de verniz.

— Um vinho tinto suave, por favor — Benjamin pediu ao garçom.

— Já vou trazer. Podem se servir à vontade naquela mesa — o garçom disse apontando para a grande mesa que eles haviam visto no meio do salão, e que agora estava repleta dos mais variados pratos quentes e frios.

— Obrigado — Benjamin respondeu. Victoria apenas sorriu.

Carson se afastou da mesa.

— Vai esperar o vinho ou quer algo pra comer agora mesmo? — Benjamin perguntou sorrindo.

— Tá que você não está com fome. A gente não comeu nada desde que saiu da nossa festa surpresa.

— Verdade. Eu também não estou pensando em esperar — Benjamin sorriu para Victoria que retribuiu o sorriso.

Os dois se levantaram e foram até a grande mesa. A variedade de comida era grande. Havia sopas, caldos e outros pratos quentes. As sobremesas também estavam de dar água na boca. Victoria resolveu começar com um caldo de ervilha enquanto Benjamin preferiu uma sopa de galinha com queijo. A garrafa de vinho já estava aberta na mesa quando eles se sentaram. Benjamin experimentou o vinho. Depois serviu a esposa e completou o seu copo.

— Está bem suave, você vai gostar.

Victoria degustou o vinho e concordou com ele.

— Está ótimo — ela respondeu sorrindo e bebendo um pouco mais.

— Estranho... — Benjamin comentou.

— O que lindo? — Victoria perguntou.

— Esse hotel é bem movimentado, mas quando fiz as reservas, me pareceu que não ser frequente eles terem muitos hóspedes por aqui — Benjamin tomou um pouco mais da sopa. — Só quis vir até aqui porque é um hotel antigo. Queria conhecer de perto a arquitetura. Na verdade, achei estranho que o telefone para contato, que estava na revista onde encontrei as fotografias, ainda funcione.

Benjamin era fotógrafo e Victoria decoradora. Eles haviam se conhecido quando ele fazia uma sessão de fotos de uma casa que ela havia decorado para uma revista. A empatia entre os dois foi imediata e depois de mais algumas fotos dos trabalhos de Victoria, ele começou a fotografar a própria. Depois as fotos começaram a sair com os dois juntos e, por fim, a amizade que surgiu entre os dois culminou em um lindo casamento.

— Talvez novo dono — Victoria sugeriu.

— Se for, ele resolveu preservar o estilo e a mobília daqui. A julgar pelas fotos na parede da sala, dá pra perceber que elas foram tiradas há muito tempo. No entanto, a mobília parece ser a mesma do hotel de agora.

— Quero ver essas fotos — ela pediu.

— Podemos ir lá à sala quando terminarmos.

Victoria sorriu para o marido e eles fizeram um brinde com as taças de vinho.

Destination Unknown (Parte 01)

Atualização (31/05/2022): Essa é a versão original de Destination Unknown (nem me perguntem o porquê do titulo em inglês. Acho que foi inspiração em uma música...). Na verdade é apenas o começo da história que ficou bem maior depois que eu participei do NaNoWriMo e transformei ela em um romance. Pretendo publicar na íntegra um dia, com todos os ajustes necessários (são muitos!) e com um título diferente (em português, né... please! 😅). Essa versão será mantida aqui no blog como registro da evolução na minha escrita.


Sinopse: Um casal em lua de mel busca apenas paz e tranquilidade para aproveitar o momento, mas não é bem o que eles encontram ao se hospedar em um hotel com um passado obscuro.
 

Destination Unknown

(Parte 01 de 04)
 

A cerimônia de casamento havia durado exatamente uma hora, mas o que Benjamin e Victoria não esperavam era que seus amigos tivessem preparado uma pequena recepção surpresa para os dois. Eles queriam um casamento simples e com os cumprimentos na igreja, mas não tiveram como escapar da festa surpresa de casamento.

Com algumas horas de atraso, finalmente os dois haviam conseguido sair da festa e se dirigiram para o hotel onde haviam feito reservas para a lua de mel. Victoria, que estava sentada no banco do carona, escolhia um CD para tocar. Por fim pegou um que ela havia gravado com músicas de vários artistas e colocou para tocar. A primeira faixa era Hotel California do grupo The Eagles.

— Boa música — comentou Benjamin, um homem alto, já na casa dos 30, aumentando um pouco o volume.

Victoria, apenas dois anos mais nova que ele, sorriu se recostou no banco com seus cabelos castanhos ondulados com luzes na cor rosa pink emoldurando perfeitamente seu rosto — tem certeza que não quer que eu dirija?

— Precisa não, linda. Relaxa e curte a viagem. — Os cabelos loiro escuro de Benjamin balançavam ao sabor do vento.

Depois de dirigir por alguns quilômetros na rodovia, ele pegou uma estrada secundária e dirigiu por cerca de 30 minutos por uma via sem asfalto que cortava uma floresta até chegar ao pátio do Hotel Magnólia. O lugar parecia deserto. Era uma casa muito grande, com oito janelas na fachada, dois andares um enorme jardim na frente. As plantas estavam bem cuidadas e o verde combinava com a cor da floresta em volta do pátio. Uma mulher de cabelos pretos curtos e corpo esbelto, com aparentemente 40 anos apareceu na porta do Hotel.

— Bem vindos ao Hotel Magnólia — disse ela sorrindo.

Benjamin e Victoria sorriram de volta e agradeceram.

— Vocês têm reserva? — perguntou a mulher.

— Sim, fizemos na semana passada pelo telefone — Benjamin respondeu.

— Venham conhecer o hotel antes de se registrarem então — a mulher convidou.

Os dois concordaram com um aceno de cabeça e a seguiram para dentro do hotel. Na recepção, um carpete vermelho cobria todo o chão. Havia um balcão de madeira, onde se faziam os registros, logo de frente para a porta e atrás dele, um mural, também de madeira, estava repleto de chaves. Do lado direito do saguão, havia uma escada que dava acesso aos quartos no segundo andar. E do lado esquerdo uma sala de estar com uma grande lareira, uma mesa de centro, uma estante com muitos livros, dois sofás bem grandes e duas cadeiras. Tudo em estilo rústico.

Uma grande porta nos fundos da sala dava acesso ao salão de festas onde várias mesas, com quatro cadeiras cada, que se encontravam distribuídas no entorno de uma mesa muito maior onde provavelmente eram postas as refeições. O salão tinha pelo menos três portas que davam acesso a uma varanda que circundava todo o local.

— Ali embaixo temos uma piscina e aqui nos fundos um jardim coberto onde os hóspedes podem aproveitar a natureza mesmo em dias chuvosos — a mulher concluiu enquanto eles desciam por uma pequena escada saindo da varanda e indo para a parte de trás do hotel.

— E ali embaixo? — perguntou Victoria apontando para uma pequena porta que evidenciava a presença de um cômodo logo abaixo da varanda e que provavelmente ocupava boa parte de baixo do piso do primeiro andar.

— É o porão. Íamos fazer uma sauna ali, mas desistimos da ideia. — A mulher respondeu. — E então? Gostaram? — ela perguntou sorrindo.

Victoria e Benjamin trocaram um rápido olhar.

— Maravilhoso — disse Victoria.

— Vamos ficar — continuou Benjamin.

— Então venham até a recepção para que possam fazer a ficha.

Os dois seguiram a mulher de volta para dentro do hotel.

— Senhora, qual é mesmo o seu nome? — perguntou Victoria.

— Ah, me desculpem. Meu nome é Eva.

— Somos Victoria e Benjamin Shepherd — continuou a esposa.

Os três trocaram sorrisos.

— O registro vai ser feito no nome de quem? — Eva perguntou entrando atrás do balcão da recepção.

— No meu nome — respondeu Benjamin tirando a carteira do bolso e pegando seu cartão de crédito.

— Hum, pagamentos só em dinheiro — a mulher avisou.

— Sem problemas — respondeu Benjamin guardando o cartão e separando algum dinheiro.

Feito o pagamento, Eva entregou uma chave a eles.

— Vocês estão no quarto número 4.

— Obrigado — disse o homem sorrindo e pegando o objeto.

(...)
Os quartos ficavam no segundo andar do hotel. O que Victoria e Benjamin ocuparam era o terceiro à direita do final da escada. Benjamin abriu a porta e eles entraram. Os dois ficaram perplexos ao verem o interior do quarto.

As paredes eram cobertas por um papel de paredes amarelado com pequenos ramos de flores vinho desenhadas. Ao lado da janela havia um guarda-roupa de madeira maciça aparentemente com mais de um século de existência. Aos pés da cama um banco estofado com um tecido no mesmo tom do papel de parede e, com listras vermelhas já bastante desbotadas, combinava com a cama também de madeira maciça e tinha um dossel de onde cortinas, feitas do mesmo tecido que o estofamento do banco, pendiam amarradas. Duas mesinhas de cabeceira, um de cada lado da cama completavam o mobiliário. As cortinas da janela também eram trabalhadas na mesma estampa deixando o quarto com uma uniformidade estranha.

— Aconchegante — disse Victoria segurando o riso.

— Aposto que se você tivesse decorado teria ficado melhor — disse Benjamin fechando a porta.

— Me agradando assim por quê? — perguntou a esposa.

— Porque eu amo você? — respondeu Benjamin sorrindo e tentando beijá-la, mas Victoria se desvencilhou de Benjamin.

— Sei... — Victoria sorriu. — Estou louca por um banho — ela colocou sua mala de rodinhas no chão e a abriu.

Benjamin deixou a mochila que carregava no chão e se sentou na cama enquanto a observava pegar as roupas. Quando tinha tudo em mãos, Victoria se levantou e seguiu para o banheiro que ficava atrás de uma porta ao lado do guarda-roupa.

— Você não vem? — perguntou ela parada ao lado da porta.

Benjamin abriu um sorriso, tirou a carteira e o celular do bolso e foi para o banheiro.

Seguindo o estilo do quarto, as louças do banheiro pareciam pertencer a uma mansão bem antiga. Todas em branco, mas já um pouco amareladas, contrastando com ladrilhos vermelhos que cobriam o chão enquanto paredes e teto eram cobertos por tinta branca.

— Acho que exageramos na espuma — disse Victoria, que estava junto de Benjamin dentro da banheira que transbordava.

— Verdade, Benjamin sorriu. Espero que a arrumadeira não fique brava com a gente.

Victoria segurou algumas bolhas de sabão na mão e soprou fazendo-as voar pelo banheiro. Ela olhou para Benjamin e deitou sobre seu peito. Ele a abraçou e passava as mãos por seus cabelos enquanto ela brincava com a espuma sobre os braços dele.

— Estava com saudade de ficar assim sozinho com você. Essas últimas semanas foram difíceis — ele comentou.

— Também senti sua falta. Organizar um casamento não é fácil. Principalmente o quando você é a noiva — ela sorriu.

— Mas no final deu tudo certo não foi? — ele perguntou.

— Sim. Foi maravilhoso como eu sempre sonhei — ela respondeu. — Você também gostou?

— De tudo — ele respondeu. — Principalmente da noiva — Benjamin sussurrou ao ouvido dela.

Victoria sorriu e eles se beijaram. No entanto, a movimentação súbita deles faz uma grande quantidade de água cair no chão.

— Acho melhor a gente parar com isso antes que inundemos o hotel. — Victoria sorriu.

— Tenho uma ideia melhor — Benjamin se levantou, tirou Victoria de dentro da banheira e a carregou no colo até a cama. Apesar da aparência não tão musculosa, os exercícios diários no Central Park lhe garantiam músculos fortes. Na verdade, o corpo esguio da mulher também ajudava.

— Agora a gente encharcou a cama — ela sorriu para o marido.

— A gente dá um jeito nisso depois. — Benjamin se deitou sobre ela e a beijou.

[Poema] À Noite

A música ao fundo é o Bolero de Ravel.
Não está nem frio nem quente. 
Apenas agradável.
A lentidão da internet permite pequenas viagens.
 
No teto do quarto, o lustre jaz cheio de insetos mortos. 
Uma aranha aproveitou e teceu sua teia ao lado, 
pronta a capturar qualquer desavisado que passe por ali.
O download de um vídeo de 8MB tem previsão de terminar em 30 minutos.
 
Haverá bastante tempo para viajar.
O relógio da cozinha trabalha ruidosamente.
Talvez porque o silêncio esteja sendo cortado 
apenas pelo barulho das teclas à medida que o texto é digitado.
Na cama não há lugar para dormir. 
 
Tudo que foi usado durante o dia está jogado sobre ela 
o que faz lembrar que logo terá de dobrar uma pilha enorme de roupas.
Quem manda ir a tantos lugares.
 
Os barulhos da vizinhança são um pouco assustadores.
Nunca se sabe se alguma casa está sendo invadida, 
ou se alguém simplesmente levantou-se da cama para ir ao banheiro.
Deixar a imaginação sempre aberta tem seus prós e seus contras.
 
A última vez em que ela foi deixada livre 
terminou com um medo de escuro que demorou alguns meses para desaparecer... 
Não por completo.
 
Acho que o Ravel não vai esperar o final do download... 
Não esta nem na metade.
Um refrigerante doce traz um pouco da energia de volta.
 
E se tudo ganhasse vida? 
E quem fosse vivo ficasse inanimado?
Os ímãs de bicho no quadro de aviso saem andando, 
procurando um lugar para se esconder da claridade.
 
Os bichos de pelúcia andam pelo quarto.
Os livros começam a conversar, 
cada um contando sua história para o outro.
Os móveis rangem e se acomodam em diferentes posições.
E o único ser antes vivo no quarto agora permanece em uma cadeira.
 
Sem vida.
 
Uma boneca de pano com os olhos de vidro.
 
E o download não terminou.

Escuridão (Final)

Essa é a continuação do conto que postei ontem. Divirtam-se! E não se esqueçam de deixar comentários! A opinião de vocês é muito importante!

Para quem não leu: (Parte - 02)
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Escuridão

(Parte 03 de 03)

Quando Anna recobrou os sentidos percebeu que não conseguia se mexer. Ela estava deitada em um corredor estreito de uma casa com paredes e chão de madeira e tinha as mãos e pés amarrados. Jared estava a uma pequena distância que ela venceu se arrastando e o alívio foi grande ao perceber que o amigo estava vivo, porém seu estado havia piorado. Ele estava muito mais quente e transpirava bastante. Uma porta se abriu e passos foram ouvidos ficando cada vez mais perto. O homem que estava segurando Jared pelo pescoço estava de volta.

— Charles, — arriscou Anna que se lembrava do nome masculino pronunciado pela mulher. — Porque vocês estão fazendo isso com a gente?

Escuridão (Parte 02)

Essa é a continuação do conto que postei ontem. Divirtam-se! E não se esqueçam de deixar comentários! A opinião de vocês é muito importante!!

Para quem não leu: (Parte - 01)
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(Parte 02 de 03)

Já era de madrugada quando Anna acordou assustada com um barulho. Ela abriu os olhos, mas não conseguia enxergar nada, pois as velas haviam se queimado completamente e o quarto estava imerso na mais densa escuridão. Seu coração começou a bater mais forte.

— Jay — ela chamou aflita.

Escuridão (Parte 01)

Atualização (22/05/2022): Essa é a versão original de uma história que já passou por algumas alterações e está publicada no Wattpad: Escuridão. Dentre as modificações mais marcantes está a edição dessa história com personagens brasileiros e a mudança do cenário onde a trama acontece para o interior de Minas Gerais. Outra mudança foi também o nome dos personagens principais para Annabelle (Anna) e Felipe (Jared). No mais, mantive a essência dessa minha primeira tentativa de escrever uma história de terror.

Essa nova versão já está revisada e completa no Wattpad. Fiquem a vontade para escolher ler essa aqui do blog (antiga) ou a que está lá, com os personagens mineiros por quem me apaixonei!

Sinopse nova: Você acredita em lendas? E se uma maldição colocasse sua vida em risco? Annabelle e Felipe, fãs de filmes de terror, jamais imaginaram vivenciar aquilo que assistiam apenas nas telas. O que começou como uma curta viagem de final de semana nas proximidades da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais; foi drasticamente interrompido por uma tempestade, obrigando os dois amigos a se hospedarem num hotel isolado. Aos poucos, no entanto, a estrada parecia cada vez mais segura do que aquele lugar de atmosfera sombria. Quando uma ameaça sobrenatural aparece, em quem eles confiarão mais: na razão ou na emoção? A amizade deles será suficiente para poupá-los do destino mortal? Venha acompanhar essa aventura, e não se esqueça de apagar a luz! Estejam avisados.