Primeiros passos

Sair do ponto em que está e passar para o próximo nunca é fácil, continuar depois que surgem as primeiras dificuldades, parece impossível, mas infelizmente não há outra forma de alcançar algo a não ser continuar tentando. Por mais cansativo que seja, e eu confesso já estar bem cansada de recomeçar, alguma coisa me diz que é assim mesmo que funciona.

A reflexão me ocorreu hoje enquanto observava Davi, o membro mais novinho da família em sua luta para aprender a andar. A gente nem lembra como aprendeu, e provavelmente esqueceu a frustração que é. Acompanhando o quanto ele fica nervoso e às vezes prefere se jogar no chão e voltar a engatinhar, porque já dominou a técnica de locomoção, me lembrou das vezes que eu tentei algo novo e fiquei com vontade de me jogar no chão achando que não iria conseguir. Algumas coisas eu não aprendi mesmo, posso continuar tentando se quiser, enquanto outras hoje parecem tão fáceis que faço de maneira automática.

Obviamente não posso deixar de fora alguns pontos importantes em um aprendizado, pois diferente do meu priminho de segundo grau, analisar os fatos não é um mistério completamente incompreensível para mim. Ele recebe bastante incentivo para caminhar, com várias pessoas de diferentes idades querendo ver o menino dando os primeiros passinhos. Não há qualquer problema de saúde o impedindo ou dificultando, e a tarefa dele não está mais difícil do que é de maneira padrão. E por último, mas não menos importante, está a vontade dele de andar. Correr atrás das outras crianças e brincar com elas.

Fazendo uma analogia, incentivo nem sempre temos, na verdade é uma raridade encontrar alguém disposto a encorajar a gente. Lidamos com problemas de saúde que às vezes nem sabemos que temos; triste realidade pela forma que a saúde mental ainda é tratada na nossa sociedade. E esses dois fatores às vezes afetam diretamente a vontade, que é algo só da gente. É a faísca que começa tudo. Então, por mais que pareça difícil, por mais que falte o apoio, eu acredito que mantendo essa pequena chama acesa dentro de mim, continuarei me movendo. Ela já quase se apagou uma vez, e foi dessa forma que aprendi a importância de cuidar da saúde mental.

Ainda está longe de estar fácil e não faço ideia de para onde eu estou indo, mas aprendi que precisamos ter paciência e sermos gentis com a gente, sem culpa, e que cada baby step conta. Tudo começa com o primeiro passo mesmo que não dê para ver o caminho completo, mesmo que precisemos recalcular a rota ou desistir dela. Olhar para cada pequeno passo como uma conquista em particular pode ser aquela motivação que está faltando.

8 comentários:

  1. Muito bom este texto, cheio de reflexões, meus parabéns.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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  2. Amei ver essa reflexão, ver um bebê aprendendo a andar e ver quantas vezes ele cai até conseguir nos ensina que para tudo nessa vida requer muitas tentativas e muitas vezes desistimos de algo com tanta facilidade porque não foi da forma que gostaríamos ou imaginamos. Precisamos sempre lembrar que parra sermos bons em algo tentamos muitas vezes e superamos muitas frustrações.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Que bom que gostou! Acho que exatamente por quase ninguém sabe lidar bem com a frustração, não tem muita gente para ensinar como fazer isso. Seria ótimo que todos aprendessem que errar não é o fim, mas uma parte importante do aprendizado.
      Beijos;

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  3. Não podia estar mais de acordo! Faz tudo parte do processo :)

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  4. Eu amei seu texto, estava procurando algo assim pra ler em blogs.

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    1. Fico muito feliz que você tenha gostado. Aqui publico reflexões como essa, contos curtos e alguns raros poemas. Volte mais vezes para conferir!

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