Eu imaginei uma cena e quis escrevê-la com trilha sonora, mas cada momento ganhou a sua. Ao final de cada momento, a música e quem canta estará entre parênteses. Espero que vocês gostem do resultado!
Os dois chegam à bilheteria do cinema. Ela compra os ingressos. As cadeiras são numeradas. O primeiro vai para a menina mais chata da turma, de quem eles não conseguem se livrar. Talvez por pena, talvez porque se acostumaram com a presença e as piadas sem graça dela. O segundo e terceiro ticket vão para o casal de namorados. Ela fica com o quarto e entrega o quinto a ele. Seu medo é que ele troque o bilhete com alguém para se sentar mais longe, mas ele não faz isso. Ela suspira aliviada. (
Atlas - Coldplay)
O filme é emocionante. Metade do cinema está às lágrimas. Mas ela não. Nem ele. Seus olhos se encontram quando eles vão conferir se o outro está chorando. Sorriem, tímidos. Ele segura a mão dela. Ela olha para ele. Não acredita no que está acontecendo. Ela sorri. Ele sorri de volta. O filme já não é mais o foco da atenção dos dois. (The Call - Regina Spektor)
— Achei que não gostasse de mim — ela diz.
— Só era tímido demais para admitir — foi a resposta dele.
— Tem coragem agora? Com todos eles aqui?
— Não me importo mais — ele afirma.
Eles trocam mais um sorriso. Seus rostos mais próximos. Seus lábios se tocam levemente. Um primeiro beijo discreto.
— Tem certeza? — ela sussurra com os lábios entreabertos.
— Nunca tive tanta certeza na vida — ele confirma.
O segundo beijo é mais demorado. E mais intenso. Todos percebem. Os amigos estão surpresos. Um trio de adolescentes na fileira de trás acha fofo e dois desconhecidos mais ao fundo do cinema gravam a cena com o celular. Quando se separam, o casal está sorrindo. Eles se abraçam carinhosamente. Para ficar mais perto, ele levanta o descanso de braço da poltrona. Ela deita a cabeça sobre o ombro dele e ele apoia o braço por cima dos ombros dela. (Can You Feel The Love Tonight? - Elton John)
— Meu único medo é que isso seja apenas um sonho — são as últimas palavras dela antes de acordar.
De alguma forma o fato de tudo não ter passado de um sonho não a impressiona. Se fosse real é que seria espantoso. Nunca foi, e ela já estava começando a se convencer de que nunca iria ser. Ou quando acontecesse, teria pouco tempo para aproveitar. Estaria envolvida demais com o trabalho ou talvez velha demais e com poucos anos restantes de vida. Esse sentimento de ter sido esquecida pelo cupido nunca a abandonaria. A não ser por um milagre. (
Her Morning Elegance - Oren Lavie)
As she goes…
Nobody knows.
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Enquanto ela vai...
Ninguém sabe.