E no vigésimo primeiro ano...

O próximo dia 12 será dia dos namorados. O meu 30º desde que eu nasci em Julho de 1983. Considerando que a primeira vez em que eu apaixonei foi aos 10 anos esse será meu 20º dia dos namorados. E, como sempre, solteira. 

Na década de 90, onde eu fui criança e adolescente, nós não éramos tão expostos e incentivados aos relacionamentos como hoje. A moda do "ficar" surgiu por volta dos meus 15 anos, mas aprendi e me acostumei a ir com calma, amizade primeiro, namoro depois. Beijar sem compromisso não é para mim. Não vou dizer que nunca acontecerá, mas com certeza é uma possibilidade bem improvável. 

No entanto, não foi isso que me inspirou a escrever esse texto e sim a matemática e a história da "Bela e a Fera". Calma, vou explicar. Nunca fui Bela. Não faltaram pessoas que me dissessem isso. Foram tantas que, quando outras dizem o contrário, já não acredito. Então, sou  Fera. E no ano que vem será o meu 21º dia dos namorados. Agora consegui enxergar a maldição. Mas será que conseguirei quebrá-la?

Simba - O Rei Cão

Sei que demorei bastante para escrever esse post, mas eu nem sabia por onde começar. Com a saudade ainda bem viva do seu irmão de criação, agora me despeço de você, Simba. Desde o dia 06/04 desse ano que nosso jardim perdeu completamente sua vida. Não há flor que vá nos alegrar como você nos alegrou. 

Quando você foi ainda pequenininho para nossa casa, pensamos que você não fosse sobreviver, mas graças à Deus nos enganamos! Dezessete anos depois fico muito feliz por termos nos enganado. Você não só recuperou a saúde como se tornou o cachorro mais forte da casa!

Sabia como me derrubar no chão sem muito esforço, era um excelente corredor e seu latido impunha respeito. Nunca desprezávamos seus avisos. Lembra quando nos advertiu sobre a cobra no portão tentando entrar na casa?
Seus últimos dias não foram fáceis. O tempo judiou muito de você. Mas você resistiu bravamente enquanto pôde. Mesmo quando suas pernas não aguentavam mais. Nessa hora, depois de muitos anos, eu percebi que conseguia sim carregar você no colo (tentei isso durante toda sua vida adulta, mas você sempre foi muito pesado pra mim) e fui suas pernas enquanto pude.

[Poema] Onde está você?

Não te conheço, mas sinto sua falta.
Por que agora?
Serão os anos que já se vão?
Ou a esperança que já se foi?

Tudo me lembra de você,
mas se eu nunca te conheci,
como tenho tais lembranças?

Não sei onde você está,
espero que não tenha desistido.
Eu não desisti,
apenas estou um pouco cansada...
Talvez muito cansada.
Exausta.

Confie no seu coração.
Só ele tem o mapa que te trará até mim.
Nada será forte o suficiente para nos manter separados.

Por que o que vai nos unir,
é o amor que cultivamos em nós.

Artificial

Hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher, mas ao invés de escrever um poema ou uma mensagem bonitinha, optei por um pequeno conto. Não sei se o classifico como terror, suspense ou algo semelhante. Tudo o que sei é que para algumas pessoas mais sensíveis talvez essa história inspire pesadelos, já para outras talvez pareça tragicômica. O gênero desse conto vai ter que ficar por conta de você, leitor. Eu apenas a escrevi. Espero que agrade à todes

Observação: Durante a história, eu menciono uma música tema de um filme. Ela se chama "Theme from A Summer Place". Quem não a conhece pode ouvir por esse vídeo no Youtube (clique aqui para ouvir) e se preferir até deixá-la tocando enquanto lê a história, pois a ouvi enquanto escrevia.

Sem mais demora, vamos à história!


Artificial

Marcos acorda e se apressa para tomar banho. Precisa sair logo, pois tem uma missão a cumprir no dia. Ele deve comprar presentes para sua mãe e irmã pelo Dia Internacional da Mulher. O rapaz tem dinheiro para dois bons presentes, mas não está muito a fim de comprá-los porque a máquina de lavar roupas da casa já está velha e ele sabe que pelo menos metade do dinheiro para a compra do utensílio acabará saindo de seu bolso. Mesmo tendo um bom salário, não gosta de gastar seu dinheiro com os outros.

O rapaz sai do banho e veste uma calça de brim marrom com um cinto, e uma de suas camisas xadrez. A escolhida do dia é de fundo branco com listras azul-marinho e vermelhas se cruzando. Nos pés um tênis branco. Na cozinha encontra o café preparado por sua irmã antes de sair para o trabalho. Ele come e bebe com gosto e parte em sua missão sem se preocupar em limpar o que sujou.

Na porta do apartamento encontra um folder com propagandas jogado perto do batente da porta. Ele pega o papel, mas não há valores, apenas fotos de utensílios domésticos de design e cores que nunca tinha visto. Alguns inclusive com estampas florais geométricas. Mesmo sem saber os preços, resolve ir à loja, afinal, um eletrodoméstico tão moderno e diferente certamente serve como presente.

O endereço escrito no papel não fica muito longe dali e Marcos resolve ir a pé. Mesmo sem nunca ter ouvido falar de tal loja, não tem dificuldade em encontrá-la. Por fora parece uma loja de antiguidades, mas uma grande faixa sobre a vitrine indica que ali é realmente o local que ele procura. Quando entra, um sininho anuncia sua chegada.

Bom dia cumprimenta um vendedor sorridente que vem até ele.

O homem baixo e careca veste o uniforme da loja que consiste em sapatos e calça sociais na cor preta, uma camisa azul claro e no pescoço uma gravata borboleta vermelha.

Marcos teve vontade de rir da vestimenta dele, mas se conteve. Bom dia. — respondeu. Quero ver esses eletrodomésticos que vocês têm aqui. — Ele mostrou o folder que tinha recebido ao vendedor.

  Oh, mas é claro! Nossos produtos são únicos! Fique à vontade para andar pela loja. Só espero que não se incomode por eu não te acompanhar, estou terminado de organizar a tabela de preços e farei um bom desconto para você!

Sem problema, não se preocupe.

Os preços estão afixados nos produtos, mas lembre-se que ainda vai diminuir um pouco!

O rapaz concorda com um aceno de cabeça e o vendedor volta a seus afazeres o deixando à vontade para andar pelos corredores. O lugar é grande e bem iluminado e tem uma música tocando nos alto-falantes.  Marcos reconhece a melodia. É Theme from A Summer Place.

Ao final de um dos corredores da loja o rapaz encontra uma pequena casa de madeira. De aparência rústica com uma jardineira embaixo da única janela existente ao lado da porta. Há uma placa em sua fachada com os dizeres: “Nunca o trabalho de casa foi tão fácil. Será difícil você não o fazer”. Tanto a porta quanto a janela estão fechadas, mas não trancadas. O rapaz imagina que o funcionário da loja apenas ainda não teve tempo de abri-las e resolve abrir ele mesmo.

(...)
Marcos não se lembra de como foi parar ali. Cercado por máquinas de lavar roupas e louças. O que o apavora mais é a impossibilidade de mexer seu corpo. Cabeça, tronco e membros estão todos paralisados. Na verdade, não consegue nem mesmo senti-los. Até mesmo seus olhos parecem limitados e não há mais pálpebras para que possa piscá-los. Há um funcionário da loja mexendo em um eletrodoméstico bem à frente dele. Marcos tenta gritar por socorro, mas sua voz não sai. Somente nesse momento ele toma consciência que também já não sente seus lábios.

Quando o funcionário se afasta, o rapaz consegue ver a máquina lava-louças à sua frente. É um modelo tão bonito e de aparência moderna quanto os outros do anúncio. Uma grande etiqueta amarela e vermelha exibe o preço do aparelho. Tem a cor vermelha e é estampada com pequenas margaridas amarelas. Nesse momento ele se vê no reflexo da porta de vidro do eletrodoméstico. O terror o deixa em choque. Marcos já não é mais o mesmo. Também há uma etiqueta de preço colada nele. Uma ótima oferta para uma máquina de lavar roupas, moderna, com uma porta redonda de vidro na frente, cor branca e estampa xadrez com listras azul-marinho e vermelhas.

A música “Theme from A Summer Place” ainda toca nos alto-falantes da loja.


Coitado do Marcos... quem mandou ser tão curioso... ¯\_(")_/¯
Gostaram? Esperavam esse final? E então, terror, suspense, fantasia, outro gênero que não citei?