A Arte de Ensinar

Quando pensamos em professor, nos lembramos de ensinar, e os primeiros professores de nossas vidas com certeza são nossos pais. Com eles aprendemos a andar, falar e seus exemplos e palavras nos ensinam o que devemos ou não fazer. Os pais nem sempre estão certos, mas mesmo errando conseguem nos passar valiosas lições.

Os primeiros professores que temos fora de casa são os do maternal. Não me lembro de muito dessa época, só de um cheiro inesquecível de massa de modelar, lápis de cor e tinta guache. Foi com elas que desenhei minhas primeiras histórias e aprendi o formato de cada letra.

No primário consolidei minha ferramenta mais preciosa. A leitura. Com ela somos capazes de ir atrás do conhecimento e deixamos de ser passivos em relação ao aprender. Tornamo-nos um pouco professores.

Acho que não tem lugar que eu sinta mais falta do que a escola. O bom é que eu não sinto isso apenas agora. Sempre dei valor à minha vida de estudante e aproveitei com prazer cada minuto. Acordar cedo, aprender muito nas aulas, ter deveres de casa, provas (okay, essas eu não gostava tanto assim) era muito bom e eu já temia a hora em que isso tudo iria acabar. 

Ainda criança, eu tive contato com um grupo de professores que ampliou ainda mais meu universo. Estava aprendendo as primeiras sentenças em português quando passei a aprender um segundo idioma: o inglês. Dizem que é mais fácil consolidar um idioma quando o aprende ainda na infância. Talvez seja, mas como não testei outra forma não posso avaliar com certeza.

[Poema] A verdade está lá fora (The Truth Is Out There)

Oi pessoal!
Como o blog está em um ritmo de poesia, resolvi publicar uma de minha autoria dessa vez. Escrevi esse poema quando estava no Ensino Médio e o tive publicado na revista de poesias que eles tinha na época (não me lembro mais o nome). Foi uma homenagem à série Arquivo X.

Espero que vocês gostem! :)

***
A Verdade está lá fora

Muitos a escondem
Por longos e cansativos anos.
No fim tudo será contado.
Não estaremos envolvidos com tudo?
Não seremos cegos a não ver?

O juízo final um dia chega,
e aí,
o que eu fiz?
o que eu não fiz?

Quem somos?
O que somos?
Não será ninguém de nós a decidir
o que acontecerá.

Será dito pelos cinzentos homens
de nossa galáxia.
A verdade está lá fora
Resista ao futuro

Aprimore sua visão interior
Queira acreditar
Que um dia chegaremos
ao fim,

E este será
O princípio.
- Helaina Carvalho

Você não sabe o quanto é lindo/a

Uma campanha publicitária sugeriu há um tempo que algumas mulheres se descrevessem para um desenhista e ele faria um retrato delas como se descreveram. Depois era pedido a outra pessoa, que havia tido um breve contato esta que já fora desenhada, para descrevê-la e assim produzir uma nova gravura. Ao final do experimento a pessoa era apresentada aos dois desenhos. E eles eram completamente diferentes.

O objetivo da campanha era passar a ideia de que as mulheres são mais bonitas do que se veem, mas minha opinião é que a beleza não é algo que seja pontual e mensurável, na verdade ela depende dos olhos de quem vê.
A pessoa que se descreve conhece todas as suas qualidades e defeitos e às vezes se fixa mais nos defeitos porque é o que ela deseja mudar. Já quem descreve uma pessoa que acabou de conhecer talvez não tenha dado atenção ao que é feio naquele rosto ou talvez nem tenha achado feio. A beleza é subjetiva.

Passamos por várias situações na vida. Boas e ruins e quando construímos nossa opinião, tudo isso conta. Apesar de não sermos iguais somos bastante parecidos, e em nossa memória estão gravadas, além das nossas experiências, as características das pessoas que estiveram presentes (ou não) naquele momento. Esse conjunto de informações influencia sua opinião sobre o que é bonito e o que é feio. E não só quando estamos falando sobre pessoas. Um acontecimento desagradável em algum lugar pode fazer com que não gostemos de determinadas paisagens ou objetos. Essas preferências são armazenadas pelo nosso cérebro sem que tomemos uma decisão consciente em fazê-lo.

Praga (Final)

Praga

(Parte 07 de 07)

O hotel onde eles estavam era perto da entrada da cidade, por isso era o lugar mais próximo para onde eles poderiam ir.

— Você tem certeza que não quer ir para um hospital Jay? Sabe lá o que isso fez com você — sugeriu Daniel desligando o motor.

— Relaxe, eu já estou bem — respondeu Jared saindo do carro.

— Vou até a recepção pegar a chave do quarto — Anna avisou depois que desceu.

— Algum problema se eu te esperar perto da porta do quarto? — Jared perguntou.

— Nenhum — Anna sorriu para ele se afastando.

Lucy Anne descia do SUV quando o som de pneus derrapando tomou conta do estacionamento. Depois se ouviu a porta de um carro sendo batida. Ela contornou o carro e ficou ao lado de Daniel que acabara de sair e estava fechando a porta.

Praga (Parte 6)

Praga

(Parte 06 de 07)

Quando o carro saiu da cidade e ingressou em uma área mais rural, as casas deram lugar a extensos e verdes campos, mas a paisagem estava longe de ser bonita. Bois, porcos e outros animais de fazenda estavam caídos por toda pastagem com enormes feridas vermelhas sobre seus corpos. Alguns fazendeiros andavam por entre os animais sem entender o que estava acontecendo.

Anna abriu o porta-luvas e tirou lá de dentro uma caneta e um bloco de folhas brancas. Ela escreveu uma lista de palavras. Jared tentava ver do que se tratava enquanto dirigia. Quando terminou, Anna se colocou de lado no banco para poder olhar também para Daniel e Lucy no banco de trás.

— Água em sangue, sapos, piolhos, moscas, peste no gado, úlceras nos homens, pedras caindo dos céus, gafanhotos, escuridão e a morte dos primogênitos — essas são as pragas que caíram sobre o Egito. Se tudo continuar como está irão cair aqui também.

Praga (Parte 5)

(Capítulo Anterior - Parte 4)

Praga

(Parte 05 de 07)

— Parece que nós ficamos sem quarto essa noite... — Jared comentou quando chegaram de volta ao hotel depois de saírem do pub.

— Eu é que não vou entrar para atrapalhar — Anna sorriu. — Você está com a chave do carro.

Jared verificou nos bolsos — estamos com sorte. — Ele tirou o alarme da SUV. Anna abriu a porta do lado do carona, e entrou. Jared entrou do lado do motorista.

Eles chegaram os bancos para trás para ter espaço para as pernas e deixaram os vidros fechados por causa do frio.

Jared ligou o rádio. Um rock dos clássicos começou a tocar em volume baixo.

Depois de um tempo ele quebrou o silêncio — acho que eu te devo uma explicação, não é?

— Sobre o que?

— Meu comportamento em relação ao Daniel com a Lucy.

Anna se virou no banco para ficar de frente para Jared. Ele tirou o blazer e jogou no banco de trás. Depois também se recostou de frente para Anna.

Praga (Parte 4)

(Capítulo Anterior - Parte 3)

Praga

(Parte 04 de 07)

No horário marcado, Lucy Anne bateu à porta do quarto onde os três estavam. Ela usava um vestido xadrez vermelho e preto, um casaco de couro por cima do vestido e scarpins pretos. Como Anna e os irmãos já estavam prontos, eles foram para o lugar combinado. Decidiram ir andando, pois o pub era bem perto e a noite estava agradabilíssima.

— A Anna e o Jared te contaram sobre o que encontraram na biblioteca? — ela perguntou para Daniel, que seguia ao seu lado usando uma malha azul com uma camisa social branca por baixo combinando com calças jeans e tênis.

— Não. Eles mencionaram, mas eu quis esperar pra vermos juntos — ele respondeu sorrindo para Lucy e a abraçando.

Anna percebeu Jared enrijecer o punho dentro do bolso do casaco de lã que usava sobre uma camisa azul com listras brancas. Ela se aproximou dele e entrelaçou o braço dela com o do amigo. Jared relaxou um pouco.