Esconde - Esconde
Sara, César e o terceiro policial, de nome Fernando, deixaram o carro estacionado em uma praça e saíram para conversar com os lojistas e vizinhos a pé. Fernando ficou com o lado par da rua enquanto Sara e César ficaram com o lado ímpar. O primeiro lugar onde Sara e César entraram era uma padaria. Apesar de todos conhecerem Maurício, ninguém tinha qualquer informação que pudesse ajudar, ou mesmo parecesse suspeito do crime. Fernando também não estava tendo muita sorte, porém, quando já estava quase terminando uma casa de material de costura chamou sua atenção.
— Bom dia. Meu nome é Fernando, sou da polícia federal e estou procurando informações que nos leve a descobrir quem matou este menino — ele mostrou a foto de Maurício.
— Sabemos quem é. Ele já veio aqui algumas vezes com a mãe.
César e Sara, que já haviam terminado, entraram na loja para acompanhar Fernando.
— Você vendeu alguma fita vermelha de cetim especificamente parecida com esta aqui? — César tirou uma pequena embalagem de plástico com o pequeno pedaço de fita dentro. O funcionário olhou mais de perto.
— Sim. Temos dessa aqui.
— Foi encontrada uma digital nela, há probabilidade dela pertencer a algum funcionário dessa loja? — continuou César.
— Possivelmente. Todos nós tocamos nos produtos antes de vender.
— Gostaríamos de ter todas as digitais dos funcionários da sua loja.
— Claro. Ok. Um momento que eu vou reunir todos eles. Não estamos com muitos clientes agora, isso não será problema.
César aproveitou a oportunidade para explicar para Sara o que eles estavam fazendo.
— Não há necessidade de fazer isso. Nós já prendemos um homem que trabalhava para uma loja parecida com está e não era ele o culpado. O assassino não deixa pistas, ele no máximo planta as digitais. E não há nenhum deles que confira com o retrato falado já feito.
— Bom, mas pelo menos poderemos eliminá-los com segurança após conferir seus álibis.
— Está certo. Não perderemos nada ao fazer isso.
Após todos os funcionários reunidos eles conversaram com eles, pegaram amostras de suas digitais, seus endereços e telefones, e voltaram para a delegacia.
(...)
Um adolescente alto, magro, de cabelos pretos curtos,
espinhas no rosto, vestindo um macacão com as mesmas listras verdes que os
outros funcionários usavam entrou na sala onde Stella e Jason estavam. Em seu
crachá estava escrito: “Roberto: Trainee”. André indicou uma cadeira onde o
garoto podia se sentar e saiu.
— Bom dia Roberto. Eu sou Stella e este é Jason. Nós trabalhamos para a polícia e gostaríamos de te fazer algumas perguntas. Você fala bem e entende inglês?
— Não... não — ele respondeu em uma voz um pouco tremula — mas, por favor, não contem para o “Seu André”.
— Não contaremos — Stella se virou para Jason e explicou o que estava acontecendo e a partir daí a conversa seguiu em português, intermediada por ela.
— Qual o seu nome completo, por favor.
— Roberto Castro Silva.
— Você é daqui de Juiz de Fora?
— Não. De São Paulo.
— Se mudou para cá há muito tempo?
— Uns três meses.
— Seu patrão disse que você estava trabalhando na última quarta—feira por volta das duas horas.
— Eu estava.
— Você se lembra de ter vendido uma bola para esse menino? — Stella mostrou a foto de Mauricio para o funcionário.
— O menino que morreu. Coitadinho — ele disse em um tom de lamento antes de continuar — com certeza não. Depois que o meu intervalo de almoço terminou, por volta de uma hora, a minha primeira cliente foi uma menina de uns cinco anos que esperneava na loja por causa de uma boneca. Lembro que eu fui ao depósito umas sete vezes até descobrir que a tal boneca ainda não havia chegado. Isso já era lá pelas três horas. Eu me lembro de ter visto esse menino na loja, mas eu só o vi com uma mulher na fila dos caixas depois que eu me livrei da menina.
— Obrigada. Por enquanto é só. Pode sair e peça para seu colega entrar.
O próximo funcionário estava vestido exatamente como o primeiro. Seu crachá também era idêntico, exceto seu nome que era Edward. Ele também era alto, porém parecia um pouco mais velho, tinha os cabelos negros, compridos presos em um rabo de cavalo e o que mais chamava atenção em sua fisionomia era uma enorme cicatriz em seu pescoço. André entrou junto com ele na sala.
— Edward é mudo. Este corte no pescoço que quase tirou sua vida afetou suas cordas vocais. Ele não entende muito bem sinais, mas pode escrever.
— Podemos usar seu computador? — Stella perguntou.
— Claro, uma boa ideia. Certamente ele vai digitar mais rápido do que escrever — respondeu o patrão indo até atrás de sua mesa e abrindo um programa onde Edward poderia digitar. — Fiquem à vontade — continuou ele saindo da sala.
Edward sentou-se na cadeira do patrão e Stella puxou sua cadeira para o lado da dele.
— Podemos começar?
O funcionário respondeu afirmativamente com um aceno de cabeça.
— Esqueci-me de nos apresentar. Eu sou Stella e ele é Jason. Estamos trabalhando com a polícia no caso do menino encontrado morto na última quarta-feira.
— Vi nos jornais — ele digitou.
— Qual seu nome completo?
— Edward Foster Jr.
— Você é daqui de Juiz de Fora?
— Não.
— De onde você é?
— Nova Orleans.
— Faz muito tempo que você veio para o Brasil?
— Início do mês passado.
— Em que você trabalhava lá? — Jason perguntou em inglês já que o homem se declarara americano.
— Vendia sorvete.
— Seu patrão disse que você estava trabalhando na última quarta-feira por volta das duas horas?
— Sim, eu estava.
— Você se lembra de ter sido você quem atendeu o menino que foi assassinado, o Maurício — Stella mostrou a foto do menino.
— Sim. O Maurício. Ele ficou uns 20 minutos aqui na loja. Estava com a irmã dele e disse que vai ser um jogador de futebol. Disse que é o melhor jogador da turma e que agora que o capitão do time tinha quebrado a perna ele ia ficar no lugar dele.
— Você já tinha visto ele antes?
— Não.
— Você trabalhou até que horas na quarta—feira?
— Até às sete horas da noite.
— Como é feito o controle da entrada e saída dos funcionários?
— Temos um relógio eletrônico de ponto no fundo da loja. Nossa frequência vai direto para os computadores do departamento de pessoal.
— Bom por mim não tenho mais nenhuma pergunta. Jason?
— Também não tenho mais nenhuma — o investigador respondeu — na verdade, só uma coisa, mas que não tem muito a ver com o caso — ele continuou.
Edward esperou pela pergunta.
— Como você se comunica com os clientes da loja?
— Eu não trabalho muito com os clientes. Na maior parte do tempo reponho de mercadorias, mas às vezes atendo alguns clientes. Tudo o que as crianças precisam fazer é dizer o que querem e eu vou buscar. Maurício foi um menino fácil de atender tudo o que precisei fazer foi olhar para ele para ele pedir a bola. Mais alguma pergunta?
— Não. Obrigado Edward. Pode voltar ao trabalho e peça seu patrão para entrar, por favor — concluiu Jason.
O homem acenou positivamente com a cabeça e saiu. Stella imprimiu as respostas de Edward que estavam no computador.
— Espero que não se importe — ela disse segurando a folha quando André entrou.
— Tudo bem. Peguem o que precisarem.
— Nós vamos querer também as fitas do sistema interno de segurança da quarta—feira do horário em que a loja abriu até quando fechou. Queremos ver se havia alguém seguindo Mauricio.
— Tudo bem — ele se levantou, pegou as fitas referentes a última quarta—feira dentro do armário e entregou a Jason e Stella que logo após isso voltaram para o prédio da polícia.
(...)
Sara, César e Fernando foram os primeiros a chegar. Após
checarem as digitais ligaram para o funcionário identificado pedindo que ele se
apresentasse ainda naquele dia no prédio da polícia. Stella, Jason, Cristiano e
Gregory chegaram praticamente juntos.
— Stella, há algum lugar onde podemos ver as fitas?
— Sim. Na sala de processamento tem um videocassete conectado ao computador.
— Vá com Gregory para lá enquanto eu e o policial que foi com ele nos encontramos com os outros na sala de César — sugeriu Jason.
— Tudo bem — Stella respondeu — vamos, — ela disse tocando o braço de Gregory — temos algumas fitas do sistema interno de segurança da loja de brinquedos para assistir.
— São de onde o garoto comprou a bola? — Gregory perguntou enquanto seguiam para a sala de processamento.
— Sim — Stella respondeu.
— Vocês visitaram muitas lojas?
— Não. Eu conversei com a família do menino antes e eles me disseram onde foi feita a compra.
— Bem pensado — concluiu ele sorrindo e tendo o sorriso da investigadora como resposta.
Stella acendeu apenas algumas luzes da sala para não haver muito reflexo no monitor. Ela depositou as fitas em uma bancada ao lado do vídeo—cassete e colocou duas cadeiras em frente ao computador para ela e Gregory. Os dois começaram a assistir o que havia nas fitas. Não havia som, somente imagem.
— Você se importa? — ela perguntou apontando para um aparelho de som a poucos metros do monitor.
— Não. Por mim tudo bem.
Stella se levantou, tirou seu aparelho de MP3 de sua mochila e o conectou, ligando o som e voltou para seu lugar.
— Boa música. Não imaginava que você gostasse de rock.
— De que você imaginou que eu gostasse?
— Er... — Gregory ficou um tempo em silencio, mas não disse nada.
— Não culpo você. Eu não sou muito transparente.
Gregory sorriu — que grupo é esse?
— Angra. Eles são de São Paulo.
— Bom mesmo. Amo Rock. Ajuda a relaxar enquanto trabalho. Costumo ouvir Merlin Manson.
— E você consegue relaxar ouvindo ele? — a pergunta fez os dois sorrirem.
— Eu também não sou muito transparente. Duvido que você adivinharia que eu coleciono moedas.
— Numismata? Jamais desconfiaria. Eu estou aprendendo a andar de skate.
— Puxa. Sem chance de eu saber. Eu gosto de surfar.
— Eu amo praia. Já trabalhei coletando amostras em costão rochoso.
— Biologia marinha. Achei que você sempre tivesse sonhado em ser investigadora.
— Amo meu trabalho, mas se não fosse um professor que me deixou literalmente morrer na praia, talvez hoje eu não estivesse aqui — Stella deu um pequeno sorriso que foi correspondido por Gregory. Eles olharam para o monitor em silencio.
— Café? — Stella perguntou depois de um tempo.
— Devo confessar que tenho um gosto bem exótico quando o assunto é café.
— Tô perguntando se você quer — Stella sorriu.
— Ah, desculpa — Gregory sorriu de volta — aceito sim.
— Não sei se está ao seu gosto. Está forte e com pouco açúcar.
— Parece bom. É melhor para sentir o gosto dele.
— É o que minha mãe sempre diz. Foi ela quem me ensinou a fazer — ela pegou uma das duas canecas e entregou a Gregory que deu um longo gole na bebida.
— Perfeito? Foi feito com café aqui do Brasil, não é?
— Sim — Stella respondeu após tomar um gole generoso.
— Acho que vou querer levar uns pacotes para casa.
— Posso arranjar para você.
Eles trocaram um sorriso e após beber mais um pouco Gregory continuou — eu falei algo sobre mim em relação à bebida. Agora fale algo sobre você.
Depois de um sorriso ela pronunciou: — eu sou abstêmia.
— Sério? Nem um vinhozinho? Nem cerveja? Nunca?
— Não. Nem uma gota de álcool entra no meu sistema.
Gregory fez uma cara um tanto espantada — algum motivo especial?
— Uma história longa e não muito feliz — Stella bebeu mais um pouco de seu café, e antes que Gregory pudesse falar ela continuou — olha! — ela apontou para o monitor e pausou a fita — acho que encontramos alguma coisa interessante.
— Vou ampliar a imagem e imprimir uma foto dele.
De posse da foto eles fecharam à sala e seguiram até onde o resto da equipe estava. Enquanto caminhavam Stella foi contando a Gregory o que ela e Jason tinham descoberto e ele contou a ela como havia sido na escola.
(...)
Quando os dois chegaram, encontraram muita movimentação
na sala. Desde que César havia retirado Stella do caso eles não haviam se
encontrado ainda. Ela caminhou diretamente até a mesa atrás da qual ele estava
sentado. Alguns investigadores acompanharam seus passos até o chefe.
— A filmagem da loja de brinquedos capturou este homem usando dois cartões de ponto — ela disse em inglês colocando a foto impressa sobre a mesa.
César pegou a foto e olhou mais de perto, depois a passou a Jason.
— Vou ligar para a loja. Talvez identifiquemos o homem ainda hoje.
— Podemos identificar agora. Procurem alguém com as iniciais J - O - A, com um sinal em cima da letra A - comentou Jason.
— Me deixa ver — Stella pegou a foto das mãos de Jason — é um til César. J - O - A - ~, Joã... João! É esse o nome!
Por sorte só havia um João trabalhando na loja e logo o homem foi trazido para a sala de interrogatório. César e Jason desceram para conversar com ele, enquanto Stella, Gregory e Sara foram continuar vendo a fita. O homem não falava inglês, e a conversa teve que ser em português.
— Qual seu nome completo — César perguntou.
— João Francisco Freitas.
— Nós descobrimos você em uma filmagem da loja em que você trabalha onde você está usando dois cartões de ponto. Pode nos explicar o porquê?
— Ele me obrigou!
— Quem?
— O Edward!
Jason e César se entreolharam.
— Como? — por fim perguntou César.
— Ele me pediu para fazer isso na última quarta, senão me matava.
— Ele usou alguma arma?
— Uma pistola.
— Onde ele te ameaçou?
— Na loja. Eu fui ao deposito na quarta—feira de manhã e ele estava lá no escuro me esperando.
— Porque você não contou para polícia?
— Ele ameaçou matar minha família. E agora ele vai!
— Ninguém vai morrer! Eu vou pedir alguns policiais para fazer a guarda na sua casa até acharmos Edward.
— Vai?
— Sim.
— Então eu quero prestar queixa formal.
Jason chamou a atenção de César tocando—lhe o ombro e fez uma pergunta em inglês que foi traduzida para João Francisco.
— Por volta de que horas isso aconteceu?
— Foi de manhã por volta das nove. Por volta das quatro da tarde o André, nosso chefe, foi embora e lá pelas 16h30min ele me entregou o crachá dele e saiu.
Jason pegou seu celular e ligou para Sara.
— Sim Jay — ela respondeu ao atender.
— Sara, procurem na fita do deposito e vejam o que há nela por voltadas nove da manhã.
Com ajuda de Stella, pois as identificações das fitas estavam em português, eles a acharam e a colocaram no vídeo.
— Jay, tem um homem ameaçando outro com uma arma nos fundos do depósito.
— Era isso que queríamos confirmar. Tem como me dizer quem são os homens?
— Um é o que está com vocês aí... que estava naquela foto que a Stella imprimiu... o outro....
— Edward! — Stella anunciou. Sara passou o celular para ela.
— Você tem certeza? — Jason perguntou.
— Absoluta.
— Imprima a foto. Vamos conseguir um mandato de busca e apreensão para a arma. Encontrem—nos na sala do César — Jason disse antes de desligar o aparelho.
Stella devolveu o telefone para Sara — me passe à fita da câmera perto da porta. — É essa aí em cima da pilha — ela pôs a fita no vídeo e avançou até às quatro e meia da tarde, e como imaginavam, viram Edward saindo — vamos. Temos que encontrar com Jason — Stella concluiu imprimindo a imagem.
Quando os três chegaram à sala de César eles já estavam combinando como tudo seria feito. Dessa vez eles não se dividiram em grupos. Foram todos os sete que haviam trabalhado naquela manhã, Samara e Renato e mais alguns policiais para dar apoio, se fosse necessário. A casa que Edward havia alugado não era muito longe do local onde ocorrera o primeiro crime. Não havia ninguém lá, porém, o senhorio, que morava no andar de cima do sobrado abriu a porta para os policiais que tinham um mandato para busca da arma que Edward usara para ameaçar o colega de trabalho.
O apartamento de Edward não era muito grande. Eles se dividiram em grupos pelo lugar enquanto César saiu, com um dos policiais que havia ido fornecer apoio, para conversar com o locatário do imóvel e alguns vizinhos. Jason e Samara faziam uma verdadeira “operação pente fino” no banheiro da casa. Gregory e Renato procuravam por evidencias na cozinha, Cristiano e Fernando estavam na sala enquanto Sara e Stella vistoriavam o quarto. Apenas uma cama, um guarda—roupa e uma cômoda era o que havia no dormitório em que elas estavam.
— Os macacões que ele usava no trabalho — Stella disse abrindo o guarda—roupa após calçar suas luvas de látex. Sara olhou enquanto calçava as suas.
— Fita vermelha — ela disse ao abrir uma gaveta.
— Não há dúvida! É ele! — Stella dizendo isso se jogou no chão para olhar embaixo da cama — imaginei que fosse encontrar a bola aqui.
— Não há nada?
— Bom, tem um caixa aqui. Vou pegar — Stella tirou de debaixo da cama um estojo de madeira um pouco maior que uma caixa de sapato. Ela a depositou sobre a cama e a abriu — documentos, dinheiro e tem um envelope aqui — Stella ia listando à medida que encontrava. Ela abriu o envelope e encontrou algumas fotos dentro dele as quais foi passando para Sara.
— São dois garotos.
— Será que são vítimas dele?
— Não é nenhum dos que nós encontramos.
— Me deixa dar uma olhada — Stella pegou as fotos — engraçado, — um deles se parece com Edward. Será filho dele?
— Vamos precisar escanear essas fotos para saber. Temos que ir atrás de Edward. Temos muitas perguntas para ele. Só uma coisa, — continuou Sara — não seja muito enfática quando acusar Edward. Apesar de termos encontrado a fita vermelha, isso não incrimina nem isenta o suspeito. Quando estamos numa investigação só fazemos afirmações que possam ser sustentadas pelas evidencias.
— Elas ainda são muito fracas né?
— Na verdade elas precisam ser processadas. E temos que ver o que os outros acharam.
— Bom, mas agora o álibi dele já era.
— Verdade.
— Sara, — disse Stella esperando ter a atenção da investigadora — obrigada! Nem sempre a gente tem contato com tão bons professores.
— De nada — Sara respondeu em português com muito sotaque em meio a um sorriso gentil que foi retribuído por Stella.
Antes de sair, elas deram mais uma última olhada no quarto, mas não encontraram mais nada. Elas então ensacaram o que tinham encontrado e foram para a sala.
Da cozinha vieram Gregory e Renato, com uma pistola semiautomática, 9 mm com duas balas faltando.
— Aposto que as balas que tiramos daquele homem em Las Vegas que foi morto no parque são as que estão faltando aqui — Gregory comentava com Renato enquanto caminhavam.
— Faremos o teste. Junto com a análise do resto de liquido que está neste frasco que encontramos no banheiro — disse Jason, que também se encaminhava para sala e estava bem atrás deles, junto com Samara.
— Foi esse tal de Edward. Não há dúvidas. Uma arma, que pode provar que ele matou um homem.
— Um frasco onde podia haver clorofórmio — Renato continuou — a última vítima foi sedada.
— Ainda assim isso não prova a culpa dele. Precisamos processar essas evidências para poder fazer ligação entre elas e Edward. Por enquanto tudo não passa de especulações.
— É verdade — Samara disse sendo acompanhada por um aceno de cabeça afirmativo de Renato.
Os quatro se encontraram com Stella e Sara que já estavam na sala.
— Nós encontramos um rolo de fita vermelha e algumas fotos no quarto dele — Stella disse entregando—as a Jason.
Ele deu uma olhada na fita e depois de analisar um pouco as fotos às devolveu para Stella — vocês notaram que o garotinho que está andando na bicicleta ao lado do outro de patins em umas três fotos está em uma cadeira de rodas em outras duas?
Stella e Sara olharam as fotos de novo — acho que a semelhança de um dos garotos com Edward nos chamou mais atenção — disse Sara.
— O de patins, não é? Também notei — concordou Jason.
— E vocês notaram essas fitinhas vermelhas amarradas no guidom? — Stella perguntou olhando as fotos muito mais de perto.
Todos se aproximaram e como estavam de luvas trocaram as fotos entre si. César que ficara encarregado das entrevistas junto com o um policial entrou na sala.
— Policiais! — ele chamou pedindo atenção — Edward tem um carro e saiu com ele hoje quando foi trabalhar e não voltou. Eu liguei para a loja e o gerente me disse que ele saiu de lá há cerca de meia hora. Se ele tivesse vindo para casa já teria chegado.
— Temos que encontrá-lo. Precisamos muito conversar com ele — Jason declarou — encontramos uma arma na cozinha dele — Gregory entregou—a a César.
— Não encontraram nada mais?
— Nada que possa falar por si só. Temos que processar as evidências — Stella disse.
— Vão processando se quiser, eu vou entregar o Edward como culpado, depois vocês que entreguem o relatório final por escrito. Pelo menos vai parecer que fizemos nosso trabalho bem rápido — César declarou em português em um tom sério — ah, me desculpe, — ele disse em inglês olhando para Sara, Jason e Gregory — é à força do hábito. Eu ia dizendo que temos que processar essas evidências o mais rápido possível. Precisamos encontrar logo o responsável, seja quem for antes que ele faça mais vítimas — essa tradução que em nada tinha a ver com a sentença dita por César fez dois policiais que estavam na sala sorrirem, mesmo que discretamente.
Jason percebeu o que estava acontecendo, e quando Stella olhou para ele, um pouco ruborizada e sem saber o que fazer em relação à situação, ele fez sinal para que ela deixasse como estava — vamos voltar para a delegacia e fazer isso ainda hoje — Jason avisou — Gregory e Sara, o computador é com vocês. Passem essas fotos por um programa de envelhecimento e testem se essa semelhança é só uma coincidência. Cristiano e Fernando comparem esse rolo com a fita vermelha com o pedaço coletado na cena do crime — os dois concordaram com um aceno de cabeça — Samara e Renato, comparem as balas desta pistola com estas, — Jason retirou um saquinho com duas balas do bolso da jaqueta azul—marinho que usava — elas foram retiradas do corpo do homem morto em Las Vegas. Vejam também as digitais deixadas na arma. Stella, você vem comigo. Quero ir até o lugar onde vocês encontraram os corpos. Não fui lá ainda.
— Levo sim, mas já deve estar meio escuro por lá.
— Essa é aproximadamente a hora que o pai do Mauricio morreu. Quero ver o que o assassino viu e depois a gente volta para o distrito para testar o que há nesse frasco.
Depois de receberem as instruções todos se encaminharam para o prédio da polícia civil, exceto Jason e Stella que seguiram um caminho diferente.
O campinho onde havia ocorrido o crime estava completamente deserto. Alguns holofotes iluminavam o campo, mas o local onde Mauricio fora achado estava na completa escuridão, o que forçou os investigadores a acenderem as lanternas.
— Aqui é onde o pai do Mauricio foi encontrado — Stella disse enquanto atravessava o campo em direção ao local onde encontrara o garoto — ele morreu aqui de infarto fulminante. Muito provavelmente após encontrar o corpo do filho. Não conseguiu pedir ajuda.
Jason varreu o local com sua lanterna. Stella atravessou o campo, com o investigador aos seus calcanhares, até o local onde encontrara o menino.
— Mauricio estava aqui. Parece que alguém tentou diluir a poça de sangue onde ele estava, mas o local ainda está manchado.
— Não deu para recolher pegadas, não é?
— Não. Tem muita grama aqui nesse lugar. Como achamos o corpo pela manhã, as plantas já haviam recuperado sua forma habitual — Jason concordou com um aceno de cabeça — ali, naquele galho, foi onde eu encontrei a fita amarrada.
Depois de um tempo em silencio analisando o local, já satisfeito, Jason e Stella voltaram para o prédio da polícia civil. Quando todos já tinham processado suas evidências, por volta das 3 da manhã, se reuniram em uma sala de reunião. Eles se sentaram em volta de uma mesa de dez lugares, ficando uma das cadeiras vazias.
— As balas foram disparadas por esta arma. Mas ela não foi mais usada depois disso — Renato revelou.
— E nós achamos duas digitais nela. Uma completa e outra parcial. Segundo o banco de dados da loja de brinquedos, ambas pertencem a Edward — Samara concluiu.
— Com as fotos, de acordo com o programa que usamos, podemos afirmar que uma das crianças é o Edward. Já a outra como não tem com o quem comparar não há como saber quem é — disse Sara.
— A fita vermelha encontrada na casa, é do mesmo rolo daquelas das cenas do crime, e a região do corte coincidiu com a que temos.
Stella pegou o saquinho com a fita e duas das fotos das crianças onde uma delas estava em uma cadeira de rodas — as mesmas fitinhas que estavam na bicicleta, estão aqui no chão ao lado da cadeira de rodas.
Sara pegou as fotos das mãos de Stella — são muito parecidas. Não fossem a idade das fotos diria que são as mesmas fitas.
César pediu as fotos para olhar — agora temos um suspeito. Vamos iniciar as buscas pelo Edward — ele disse após colocar as fotos em cima da mesa — eu pedi para o senhorio me ligar caso ele voltasse.
— Ele deve ter ser assustado quando eu e Jason fomos conversar com ele.
— Bem possível Stella — César concordou.
— Mas, ele não desapareceu logo após vocês saírem não foi? — Gregory perguntou.
— Não! Ele continuou trabalhando. Até pouco antes da hora em que chegamos à casa dele — Stella respondeu. Nos segundos que se seguiram, um silêncio cortante tomou conta de todos na sala.
Jason foi o primeiro a se levantar. Apesar da situação, ele ainda aparentava certa calma — ligue para o gerente da loja de brinquedos. Precisamos do nome e telefone de cada criança atendida por ele depois que saímos.
— Você acha que mesmo a gente tendo chegado tão perto, ele planeja fazer mais uma vítima? — Stella perguntou.— Espero que não — o investigador concluiu.
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