Tudo por um sorvete

Eu não comecei a escrever sozinha. Claro que a criatividade para inventar histórias eu sempre tive, mas só quando eu conheci minha amiga Marlene é que eu me dei conta que o que eu fazia era bom. Nós não conseguimos nos lembrar como nossa amizade começou, só sabemos que foi há uns 11 (ou serão 12) anos... desde então percebemos que aquela parceria tinha tudo para dar certo.

Ainda me lembro de quando tivemos a ideia para nossa primeira história! Foi dentro da igreja (que feio... não estávamos prestando a atenção à missa...) que começamos a viajar nas primeiras linhas de histórias sobre investigação e fenômenos paranormais. Depois não paramos mais e hoje sonhamos em ver nosso trabalho publicado (mas temos que terminar de escrevê-lo primeiro 😬)

No entanto hoje não vim aqui para publicar nada meu... esse post eu dedico totalmente à Marlene, sem a qual eu ainda estaria escondendo as coisas que eu escrevo por achar que ninguém gostaria de ler. Pois ela leu, gostou e quis escrever comigo!

Recebi (por escrito) dela a autorização de publicar no Universo Invisível uma história que ela escreveu há muito tempo na escola em uma prova de redação. Achei a história muito bem contada, com muita criatividade e com um desfecho surpreendente! (Adoro esse tipo de história).

Conheçam então o talento de minha "parceira de crime"!
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Tudo por um sorvete
Autora: Marlene T. Dias  

Solange estava em seu quarto quando sua mãe lhe chamou:

— Solange! Venha aqui na cozinha que eu quero que você me faça um favor!

— Ai que droga! — reclamou a garota saindo contrariada de seu quarto, pois já sabia do que se tratava.

— Eu quero que você me faça um favor. Vá ao açougue e compre 1 quilo de carne para o jantar.

E olha, é pra comprar só carne viu?!

Solange saiu em direção ao açougue, mas no caminho viu seus amigos André, Tiago e Lúcia jogando vôlei e ficou ali jogando com eles. E assim ficaram por mais meia hora até que Solange teve uma ideia.

— Vamos tomar sorvete, que hoje eu tenho dinheiro! — ela convidou. E foram os quatro à sorveteria do “seu” Henrique.

Já era noite e só tinha sobrado Solange sentada à beira da calçada chupando o ultimo sorvete quando ela lembrou que tinha de ir ao açougue, mas como se ela havia gasto todo o dinheiro com sorvete. “Você é uma irresponsável, será que nunca posso confiar em você?” Solange sabia que essas seriam as palavras da mãe acompanhadas de uma surra de cinta.

Para pensar na desculpa que daria à mãe, Solange resolveu passar por um caminho mais longo, que passava pelo cemitério Bom Jardim. E foi na frente do cemitério que ela parou assustada, pois ali mesmo perto da entrada havia um corpo de um cadáver estendido sobre uma mesa. Ela achou estranho, afinal o que um cadáver estaria fazendo ali sem estar enterrado? Mas em vez de correr para casa, Solange correu para dentro do cemitério e num ataque de loucura com uma fúria inexplicável ela começou a cortar pedaços do corpo do cadáver com a própria pá do coveiro e coloca-los dentro de um saco que levara com ela. Quando terminou ela estava tão atarantada com o que tinha feito, que saiu correndo em direção a sua casa com a roupa toda suja de sangue, mas ao mesmo tempo sentia um alívio dentro de si, afinal fugiria da surra da mãe.

Quando Solange chegou à casa, por sorte sua mãe estava no banho e seu pai ainda não tinha chegado. Ela então foi para o seu quarto. Agora não dava mais para voltar atrás, ela trocou de roupa e colocou a carne numa sacola do açougue e foi para cozinha levá-la até a mãe.

— Que demoras são essas, dona Solange? — perguntou a mãe já com a cinta na mão.

— É que eu parei pra ajudar a dona Annunciata a guardar as comprar de depois ela me chamou para tomar um chá. E a senhora sabe que quando a dona Annunciata começa a falar não para mais.

— É; eu conheço a dona Annunciata, sei como ela gosta de uma conversa, mas cadê a carne?

— Está aqui mãe — respondeu Solange entregando sacola à mãe.

— Dá aqui logo essa carne que eu estou atrasada para o jantar e seu pai já deve estar chegando do serviço. E olha da próxima vez me avise quando vai chegar tarde, porque eu fico preocupada.

— Tá bom mãe — Solange saiu da cozinha e foi para a sala assistir à novela das 7, mas a única coisa que ela não viu foi a novela, pois o que ela tinha feito não lhe saia da cabeça. Ela então resolveu ligar para Lúcia, para ver se espaireceria. Solange falou a Lúcia que não tinha comprado a carne e tinha mentido à mãe sobre dona Annunciata, mas em nenhum momento falou sobre o cemitério. Quando desligou ela foi para a cozinha ver se conseguia jantar, mas isso foi impossível.

— Solange, você não vai jantar? — perguntou a mãe.

— Não, eu não estou com fome.

— Que carne gostosa Alice, você comprou no açougue do “seu” Guilherme? — perguntou o pai de Solange que estava sentado à mesa junto com a esposa.

— Não sei, foi sua filha que comprou — respondeu Alice.

— Foi pai, foi no açougue do “seu” Guilherme. Agora eu vou dormir.

Solange foi para o seu quarto dormir, mas não conseguiu. Ela só ficava pensando no que tinha acontecido. Com a cabeça fria ela não conseguia entender como fizera aquilo, ela só pensava em voltar no tempo, voltar para o seu quarto, para aquela tarde gostosa que estava fazendo mais cedo.

Por volta das 22h00min, estava chovendo, os pais de Solange já tinham ido dormir e ela continuava rolando na cama, pensando naquele corpo despedaçado naquela mesa quando ouviu um barulho na porta da sala e ficou arrepiada. Depois ela ouviu barulhos dentro da sala e ficou ainda mais arrepiada. Depois ela ouviu barulhos pelo corredor, agora ela já tinha certeza que era o cadáver que viera buscá-la. O barulho ou o cadáver estava agora na frente da porta do seu quarto empurrando a maçaneta quando Solange deu um pulo pra cima da cabeceira da cama e deu um grito:

— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

— Calma Solange, somos nós Lúcia, André e Tiago. Viemos te trazer o dinheiro que você gastou com o sorvete, afinal foi nossa culpa — disse Lúcia.

— Mas, são vocês?

— Lógico Solange! Quem você pensou que era?

— Ninguém André, ninguém. Mas me digam como vocês entraram?

— Ora, você esqueceu que eu tenho a chave da sua casa.

Sim, Solange tinha esquecido que tinha dado uma chave à Lúcia. Mas depois do medo passado todos foram para a cozinha tomar um café. Mas uma coisa não tinha sido resolvida, o crime que Solange cometeu no cemitério.

Na manhã seguinte, Solange acordou cedo, antes de seus pais, depois de uma noite mal dormida e foi pegar o jornal na porta. Quando ela abriu o jornal sentiu todo o sangue do seu corpo lhe subir à cabeça porque a manchete do jornal era: “Cadáver é encontrado despedaçado em cemitério”, mas na mesma hora que levou o susto veio o alívio com o restante da matéria, que era assim:

Foi encontrado ontem à noite no cemitério Bom Jardim 100 quilos de carne bovina, que estava moldada na forma de uma pessoa, todo despedaçado pelo chão faltando pedaços. Essa carne seria usada em um churrasco que seria feito ali mesmo numa festa “clubber”. Foi uma maneira muito engraçada moldar a carne de boi na forma humana, mas também muita inocência deixarem a carne ali sozinha sem que ninguém a viesse pegar.” Jornal Bom Jardim.

Depois de terminar de ler Solange sorriu aliviada e prometeu a si mesma nunca mais mentir, sempre obedecer à mãe, parar de ver filmes de terror e principalmente virar vegetariana.

“Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência.”

Então? O que vocês acharam? Tem futuro ou não? XD
Claro que essa é uma das primeiras histórias que ela escreveu, mas a criatividade já estava latente e eu garanto que com o passar dos anos, assim como a técnica, ela só aumentou!

Não deixem de comentar! Agora além de mim tem outra pessoa querendo saber a opinião de vocês!

Estou voltando... Aguardem!

No ar desde 16/11/2008 o blog passou por um período de inatividade por conta de alguns probleminhas pessoais que acabaram com qualquer motivação minha para escrever... mas agora estou quase terminando um conto que comecei em 2009 e logo que ele estiver pronto o blog volta a atividade!

Espero que logo eu possa postar aqui de novo, pois não aguento mais de saudade. Mas quero terminar o conto que eu estou escrevendo por completo para não ficar devendo nenhuma parte depois.

É um pouco difícil para mim escrever e postar ao mesmo tempo, a qualidade fica meio comprometida por eu tentar sempre fazer um post novo  mas antes de revisar o texto completo. Quando preciso fazer alguma alteração, fica a maior bagunça... e ainda, quem já tiver lido o texto de um jeito não vai ler de outro apenas para conferir as pequenas modificações. Por isso resolvi parar de publicar enquanto escrevo... só que aí eu parei foi de escrever.... Mas se Deus quiser isso não irá acontecer novamente e logo que terminar este conto e começarei outro e pretendo não parar mais!

Estou com muitas saudades!
Espero que vocês também estejam!

Beijinhos;
Até o próximo post!

Apenas um contratempo

Nada aquele dia nada estava dando certo. Perdeu a hora ao se levantar, por isso ia chegar atrasada no trabalho. Molhou o cabelo ao lavar o rosto danificando metade da chapinha. Lascou uma unha trabalhosamente pintada de vermelho na hora em que foi abrir a porta do carro. Somente depois de dirigir alguns metros se lembrou de que não tinha colocado o lixo pra fora. Tomou uma fechada de outro carro ao se distrair com uma luz piscando no painel. Uma segunda-feira quase típica. O que mais podia dar errado?

— Sai do carro! Agora! — gritou um homem ao lado do veículo.

Por essa ela não esperava. Parou no sinal vermelho e foi abordada por um homem usando mascara de lã e com uma arma em punho. Esse tipo de revés não estava nos seus planos.

— Se acalma, moço — ela levantou as mãos. — Eu já estou saindo.

Ele estava com pressa. Nem ligou quando ela pegou a bolsa antes de sair. Arrancou com o carro antes de o sinal abrir.

— Eu mereço — muito assustada e irritada ela caminhou em direção à calçada.

Pegou o celular dentro da bolsa, a pendurou sobre o ombro esquerdo e ligou para a polícia.

— Bom dia. Em que posso ajudar? — perguntou o atendente.

— Não é nada grave, só mais um contratempo — respondeu em choque sem saber como reagir.

— Do que se trata?

— Meu carro foi roubado — ela falava com uma voz suave.

O nervosismo havia passado no momento em que ela se deu conta de um detalhe.

— Mas isso é grave — retrucou o atendente.

— Eu sei — ela esboçava um sorriso.

— Isso é algum tipo de brincadeira? — o policial não estava entendendo porque ela estava tão relaxada. — Seria estado de choque? — pensou o homem do outro lado da linha.

— De forma alguma.

— Você está ferida?

— Não.

— Me dê a sua localização e onde o carro foi roubado.

Ela passou os dados solicitados.

— Uma viatura já está próxima à região. Aguarde no local.

— Obrigada — ela deu riu ao terminar de falar.

Ela já ia desligar, mas o policial ainda tinha uma pergunta.

— Porque a senhora está tão tranquila?

— Simples. — De repente os reveses do seu dia havia se transformado em sorte. — Acordei num dia ruim, estou atrasada para o trabalho, estraguei meu penteado, minhas unhas, me esqueci de colocar o lixo para fora, tomei uma fechada de outro motorista durante o caminho, mas só agora me lembrei de uma coisa muito que me atrasaria ainda mais... — ela riu mais uma vez. — Me esqueci de abastecer o carro.
Parece que o criminoso não vai muito longe com o carro, não é mesmo?

O Último Suspiro

Eu não sei como chegamos a esse ponto. Depois de tantos meses, tantas conversas sussurradas ao ouvido e agora eu tinha que decidir o que fazer. Seja lá qual fosse a decisão, estaria acabado, não haveria volta. 

Não sei se conseguiria fazer a escolha sozinho. Eu te amo profundamente, mas outra pessoa que eu também amo está em jogo; eu. Sei que parece egoísmo, mas nessa situação eu tenho que pensar em mim também. Droga! Porque tínhamos que chegar a esse ponto? 

Espero que não me arrependa da decisão que tomarei, mas sou eu ou você. Porque eu não trouxe uma faca? Estar apenas com essa embalagem plástica nas mãos deixava as coisas piores. Mas não havia mais tempo para arrependimentos. 

 — Amor... — chamei com a voz mais tenra que podia estando tomado pela dor da decisão que acabara de tomar. — Pode comer o último suspiro, depois a gente compra mais! 

 

Assustados?
Alguém adivinhou sobre o que se tratava a decisão difícil antes do final?