Mais um suspiro em frente a tela em branco transparecia o quanto aquilo
    havia se tornando um sacrifício sem que ela tivesse percebido. Já havia
    visto lido em várias postagens no Pinterest que geralmente se passa
    mais tempo pensando em escrever um livro do que escrevendo de fato, mas às
    vezes os motivos que levavam àquela procrastinação eram uma tortura.
Entretanto,
    não adiantava tentar buscar soluções na internet, pois todos os lugares onde
    havia lido sobre essa resistência em fazer algo falava sobre o
    perfeccionismo, e a escritora tinha ciência de que não era o seu caso. Sim,
    ela aceitava com tranquilidade que seus textos não eram perfeitos e
    precisavam sempre de muita revisão, mas via cada um como o melhor que
    poderia fazer naquele momento, então acreditava que todos eram bons o
    suficiente.
— Você precisa de um café — disse a voz em sua
    mente. 
— Agora não — respondeu ela. 
— Agora sim,
    vamos — continuou a voz insistente. 
— Não quero — ela continuava
    olhando para a tela. 
— Claro que você quer. 
— E quem
    te deixou petulante desse jeito? 
— Você. — Ela não via um rosto,
    mas sabia que ele estava sorrindo.