O começo de um sonho

Annabelle jogou a cabeça para trás e mexeu o pescoço de um lado para o outro assim que terminou de recolher a louça suja deixada na mesa pelas duas clientes que haviam acabado de sair do Art's Café.

— Cansada? — perguntou Felipe que trabalhava como caixa no café de seu pai, Arthur.

— Com calor… — respondeu a funcionária que usava um avental bege de sarja lisa com detalhes estampados nas cores vermelho e verde na barra, perto do pescoço, em volta de um único bolso e da fita para amarrar na cintura. Sobre esse bolso, ainda havia um Papai Noel bordado em patch aplique e ponto caseado. Ela tirou a bandana, da mesma estampa dos detalhes coloridos, já um pouco úmida na região das orelhas.

— Vou diminuir mais um pouco a temperatura do ar-condicionado — avisou o homem pegando o controle remoto branco. Como não estava atendendo as mesas naquele dia, ele usava suas roupas comuns, jeans e camiseta azul de mangas curtas com estampa remetendo a um filme de fantasia.

A mulher sorriu para o amigo em agradecimento.
— E pensar que eu cheguei a acreditar que estaria num lugar com neve nesse Natal — comentou ela recolocando o adereço de cabeça.

— Ano que vem a gente vai! — afirmou ele com convicção.

— Vamos ver.

Com a chegada de novos clientes, a mulher precisou interromper a conversa. O café estava movimentado, pois um local fresco para descansar e fazer um lanche no clima quente da última semana antes do Natal, era tudo o que as pessoas queriam. Quase um oásis no deserto.