O Último Suspiro 2

O fim de tarde com o por do sol jogando seu brilho alaranjado nos abraçava, mas o sentimento que compartilhávamos não era tão dourado quando aquele cenário. Estávamos juntos há quase um ano. Entendíamos um ao outro como ninguém mais. Porém, nem toda aquela cumplicidade nos deixava livres de tomar uma decisão difícil de vez em quando. Uma em que nós dois sairíamos indubitavelmente feridos.
 
Nossos olhares se encontraram timidamente. Ambos sem saber por que tínhamos que chegar àquele ponto. Depois de tantos meses, tantas conversas sussurradas ao ouvido, precisávamos tomar uma decisão antes que a escuridão dominasse o parque já quase sem frequentadores. 
 
Apenas os poucos pássaros, à procura de uma árvore onde dormir, seriam as testemunhas. Isso era bom, mas não tirava o peso da escolha difícil. Era muito amor envolvido. Eu duvidava da possibilidade de encontrar nova companhia equivalente ao que estávamos vivendo. E tenho certeza que era recíproco. Considerávamo-nos almas gêmeas.

Havíamos trazido de tudo para o encontro planejado, menos um item que tornaria mais fácil aquela questão. Uma faca. Sem o objeto precisaríamos usar as próprias mãos e o desfecho não seria benéfico para nenhum de nós. Talvez apenas para os pequenos animais ocultos pela grama.

Eu te amo profundamente, mas outra pessoa que eu também amo está em jogo; eu — meu olhar quase revelava aquele pensamento secreto. — Sei que parece egoísmo, mas nessa situação eu tenho que pensar em mim também. Droga! Porque tínhamos que chegar a esse ponto?

No silêncio, nossa respiração ficou visível pelo vapor que saía de nossas bocas com o frio trazido pela noite que se aproximava. Era a hora de decidir. Depois ir embora. Sem olhar para trás. Sem arrependimentos. Esperava profundamente não me arrepender da decisão. Precisava escolher. E faria por amor a nós dois. Respirei fundo. Não podia hesitar agora. Se o amor entre nós era realmente tão profundo, provaria de uma vez por todas.

— Amor... — chamei com a voz mais tenra que podia mesmo com a dor da decisão tomada se espalhando pelo meu corpo como uma teia de aranha. — Pode comer o último suspiro, depois a gente compra mais!
 
O que vocês acharam que estava para acontecer?
Eu nem escrevo histórias com crimes...

Esse texto foi reescrito a partir de um dos primeiros que publiquei aqui no blog, O Último Suspiro (LER). Podem perceber que a história não mudou, mas a escritora sim. A evolução na escrita acontece e apesar de ser um processo lento (entre esse e o original são 12 anos de diferença) vale muito à pena não desistir. O que faz o leitor apreciar nosso trabalho, além de enredos instigantes, é a forma com que colocamos isso no papel. 
 
Só muita leitura e muito exercício de escrita são capazes de melhorar a forma com que apresentamos nossas ideias. Ainda preciso melhorar bastante, mas vendo a forma como minha escrita melhorou com o passar dos anos, acho que estou no caminho certo.

8 comentários:

  1. Sempre ótimos textos e histórias hihi!

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  2. É ótimo ter um cantinho para deixar nossas memórias registradas e poder sempre ler anos depois e ver como tudo muda.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Com certeza! Esse ano comecei a revisar tudo aqui e com certeza vem muita novidade por aí!

      Beijos;

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  3. Hahaha! Meudeuz, eu já estava tão apreensiva no meio do texto e não conseguia imaginar o que poderia ser assim, tão difícil de resolver (ainda mais sem uma faca!). Sensacional!

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    1. Hahahahaha... eu adoro escrever textos assim, que parecem que estão levando para uma situação e quando termina é algo completamente nada a ver! XD Mas vamos combinar, que uma faca facilitaria, mas mesmo assim não seria um "crime perfeito".

      Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado!

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